Por prof. Pessoa Junior*
O município de Crato, localizado no estado do Ceará, é conhecido por sua rica cultura e tradições artísticas. Tendo como amostra os últimos anos, grupos e companhias de dança eram facilmente encontrados em toda a área urbana e rural da cidade. Eles se apresentavam em diversos espaços, desde pequenos palcos em praças públicas até nos teatros da cidade, que hoje encontram-se ainda fechados aguardando por requalificação e manutenção, esses lugares movimentavam a cena cultural local.
No entanto, nos últimos anos, houve uma drástica redução no número de grupos de dança na cidade. Essa diminuição pode ser atribuída a diversos fatores, como a falta de apoio financeiro, a ausência de incentivos culturais e a falta de espaços para ensaios e apresentações. Esse cenário foi ainda mais agravado com a pandemia da Covid-19, que impediu a realização de eventos presenciais e dificultou a manutenção das atividades dos grupos.
Em 2015, segundos dados da organização do festival Caldeirão das Danças, o mesmo contou em sua atividade com inscrições que formaram uma programação com cerca de 16 grupos participantes do município, mostrando a força da iniciativa dos criadores, que mantinham suas atividades mesmo sem apoio direto de editais e convênios. Vale destacar que as ações do Caldeirão Ponto de Cultura e outras iniciativas locais têm proporcionado espaços para o intercâmbio cultural e o fortalecimento dos laços entre os grupos e fazedores de cultura da cidade.
Apesar das iniciativas da organização civil é visível que a cada ano, a cidade não conta mais com a mesma expressividade cultural de antes. Os poucos grupos que ainda persistem, como escolas de dança e artistas independentes, registram a falta de apoio para a manutenção, criação, circulação e produção artística. Esses grupos precisam lidar com dificuldades como a falta de recursos financeiros para a compra de figurinos e equipamentos, a falta de espaços adequados para ensaios e apresentações e a falta de incentivos culturais.
Então precisamos prontamente que o plano de cultura seja bem direcionado, com metas cabíveis para o presente e os próximos gestores, acionando dispositivos bem seguros para medidas eficientes e políticas para todas as áreas.
O investimento em fomento e formação deve ser priorizado. O pagamento da folha salarial e a manutenção dos equipamentos devem ser financiados por outros dispositivos que não o mínimo de 2%. Esse pequeno percentual deve ser prioritariamente destinado para fazer a economia criativa prosperar e para apoiar e reconhecer os pontos culturais.
Ao analisarmos os editais publicados pela Secretaria de Cultura, é possível observar que os Pontos Culturais devem ser considerados como critério para pontuação, além da destinação de recursos pensando na programação anual das iniciativas, pois os principais beneficiários é o povo cratense.
A política de circulação cultural deve apoiar esses locais, levando atividades como formações e apresentações, além de auxiliar em possíveis investimentos para a aquisição de bens e adequação dos espaços já existentes em conformidade com a lei de acessibilidade, isso é levar a cultura para todos os cantos e povos em comunhão cultural.
É importante destacar que as linguagens artísticas como um todo atuam e contribuem para redução e redirecionamento das resoluções negativas nas periferias do Brasil e têm um papel fundamental no processo formativo e melhoria da qualidade de vida. A contribuição também estimula a criatividade e a expressão artística, além de fortalecer a identidade cultural de uma comunidade.
Por isso, é fundamental que a cidade de Crato, assim como outras cidades do país, invistam em políticas públicas que incentivem a cultura e a arte, garantindo assim a continuidade dessas iniciativas e a valorização da cultura local. Afinal, a arte e a cultura são parte essencial do patrimônio de uma cidade e de um país, e merecem ser preservadas e promovidas para as gerações futuras.
*Geografo, pedagogo e mestrando em Educação MPEDU – URCA.