
Alexandre Lucas
Deixou uma vela acesa na mão do poema. A noite apagou as estrelas e a lua. Pela madrugada foi à praça, observou a angústia dos bancos vazios, apenas o vento falava.
Abraçou-se no vento para dançar uma valsa. Beijou a poeira com a língua nos céus. Tentava preencher a praça cheia dos seus vazios.
Era madrugada, o vento se conjugava com o frio. A maçã mordida se apresentava no meio da praça, rebolava com o vento.
— Quem quer maçã mordida?
Perguntava a si esbarrando no vento. O poema queimou durante a madrugada. Soprou o cadáver das palavras e mesmo assim não se livrou da poesia.
Sobre o autor:

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho.