Debaixo do pé de manga tinha um sonho

Talvez Lili fosse seu apelido.

Era madrugada de sábado. A menina de treze anos se sacudiu com os gritos. Já era tarde. O homem se mexia—talvez arrependido, talvez vingado, concretamente embrutecido. Seus olhos se perdiam no meio do sangue.

Lili já não gritava. Não mexia nada. A menina de treze anos não sabia se gritava, não sabia se corria, não sabia de nada. A menina não teria mais Lili.

“Lili está entre as estrelas olhando por nós.” Mentira. Lili está costurada nos olhos e na cabeça da menina de treze anos.

— Mãe, mãe, mãe…

Lili já não escuta.

Dizem que Lili foi vista debaixo de um pé de manga, entre beijos e abraços. Lili devia estar enxugando lágrimas, pegando vento, tentando respirar.

Lili volta. Lili não volta.

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