Carta na fila da padaria

Essa noite não parei de pensar em você. Olhei suas fotos mil vezes e revivi as lembranças desses dias. Já chorei e ri inúmeras vezes. Mas estou bem.

Não chorei nem ri por sua causa. Estou me achando até bonito, com orgulho de mim mesmo — uma beleza que não é física; acho que é a beleza do dever cumprido.

Ainda estou rindo; parei de chorar. E se eu chorar, será porque vou me lembrar de como foi lindo o começo: nada organizado, nada planejado, simplesmente aconteceu. Até a lágrima foi bonita… Se eu chorar, vai ser por lembrar do nosso primeiro jantar na sua casa… Se eu chorar, é porque o brilho dos seus olhos me fez acreditar que sou merecedor de todo o afeto do mundo.

Eu não paro de rir. Hoje estou de nariz empinado… menos para você.

Confesso que não como mais bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Porque me fez mal. É preciso evitar indigestões de todos os tipos, inclusive as afetivas.

Nem todas as cartas de amor são iguais e ridículas. Elas mudam com o tempo, com o tempo, com o tempo…

Hoje, bastaria uma foto sua. Apenas uma, para eu continuar rindo como um menino alegre descobrindo o presente.

Sobre o autor:

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho.