
Gracynha Silva
Olha Anne, meu novo “Smartphone”! Na presa cotidiana e com vários afazeres Anne ouvia essa bela frase que soava um leve tom de alerta imediato, mas não é por mal…entenda bem, estamos na era da contemporaneidade, no modo urgência e frenético, perfeitamente normal, até então, mas não podemos desconsiderar o humano, o cálido, o fervor da vida, que não tem nada de urgente, pelo contrário… há um pedido de calmaria com mistura de natureza e um leve sentir da brisa ao amanhecer.
Sejamos honestos, pois tudo isso só vale a pena se a alma não for pequena. Ah, Fernando Pessoa, suas palavras são tão urgentes para esse mundo de hoje. Esteja mais entre nós… a geração z precisa de suas polidas palavras! Será que estamos à beira da superficialidade? Não temos essa resposta por hora, mas uma profundidade nos cerca e desfaz o instante que perece. Confesso que sou sua fã, mas isso é outra história… deixemos para outro momento. Vamos lá! Século XXI, tecnologia regada a inteligência artificial (IA) claro! Não conseguir resistir a esse otimizador de tempo que facilita a vida humana. O que era para ser uma olhadela acabou em utilidade para o dia a dia corrido, mas precisamos ser francos, a existência humana jamais será substituída, ao menos para mim, pois a interatividade real soa viva, inebriante e ávida.
Humanos e seus belos smartphones um símbolo de status de extrema necessidade, mas sem o comando do humano não passa de um aparelho eletrônico… sem vida e que carece de conexão entre seres reais. A frase proferida pela jovem amiga de Anne confirmava sua realização pessoal e coletiva, uma confissão da sociedade que vem buscando o “Smartphone” como seu bem mais precioso. Uma troca válida, mas injustiça para humanos que vivem reféns do tecnológico e esquecem do real viver humano…
E se não houvesse wi-fi? Como seria? Como viveríamos? Não podemos cogitar essa hipótese. Fernando Pessoa, provavelmente, diria escrevam à mão ou esperem pela era contemporânea, ou simplesmente sentiria um “desassossego digital” momentâneo. Para ele o homem seria fragmentado e alheio à realidade palpável. Sim, provavelmente ele ficaria aéreo e precisaria de uma boa taça de vinho para entender essa superficialidade, o estar longe e ao mesmo tempo perto. Ah, Fernando… O humano é agora! O humano precisa sentir mesmo que de forma on-line, ou ainda off-line, o que antes parecia longínquo é algo real, possível e graças à tecnologia chega ao outro de forma rápida. Eis o novo modo de revolucionar a humanidade, mas não deixemos por terra o suprassumo da existência que é a conectividade, o acolher e se fazer pertencer na era digital.
Sobre a autora:

Formada em Letras pela Universidade Regional do Cariri (URCA), uma apreciadora das palavras, músicas, livros e pessoas. Além disso, é pós-graduada em Literatura e uma aspirante a cronista em desenvolvimento…
