
Nas manhãs frias e chorosas, fabriquemos o fogo e os girassóis. Na entrada da casa, espadas de São Jorge e Santa Bárbara testemunham a travessia do tempo, do cuidado e do carinho. As noites estão mais iluminadas: faço fogueira, deito no colo, escuto histórias que assanham meus cabelos.
Fiz a barba, cortei o cabelo, estou mais novo. A idade é a mesma: quatro décadas e meia dúzia. Chuto pedras para brincar com as estrelas, ando meio abobado. Talvez seja a fogueira no meio da casa e tuas espadas de São Jorge e Santa Bárbara.
Tomo sopa de costela com pão, enquanto observo o gosto do teu sorriso. Tuas malas, aos poucos, vão se encaixando. Mando fazer uma chave da porta de entrada para que entres sem bater. Podes incendiar as madrugadas e o resto do dia. Quando entrares, olha para os lados, tranca a porta e só a abras no dia seguinte. Quando os galos cantarem, cante com eles.
Deixei escrito nas paredes do quarto um manifesto de segredo. Ele é nosso. Após o café, saímos para plantar histórias não previstas. O sol acordava cheio de estrelas e os dentes mordiam os sorrisos para ver se era verdade.
Sobre o autor:

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho.