Alexandre Lucas*
Segunda-feira. O amor se envenenou de urgências, já não sabe se recorre para o desaparecimento ou para a “Quadrilha”, de Drummond. O amor é urgente, cansa, despedaça, coloca a paciência no precipício, convoca o calafrio para esbarrar entre as borboletas, atiça brilho nos olhos e o derrame do mar.
O amor é invocado mesmo. Invocado por aqui, é tipo mistério e esperteza, tudo junto. Frida e Neruda foram de confusões e de amores vastos, como a vastidão dos grãos de areia e os conflitos entre céu e terra.
Vejo o amor passando na tela, até dar vontade de guardar na estante da sala, mas o amor é vivo, impulsivo, não tem grades, mesmo quando é enjaulado. Ele escapa pelos pensamentos e sai meio tonto e como avoante, voa!
Estou de saída. Deixei um bilhete para meus amores, pensei numa carta, mas meus amores têm pouco tempo e eu tenho urgências, muitas palavras podem ser apenas um congestionamento, atrasar os seus trânsitos. O bilhete é curto, diz o suficiente: Adeus!
Sobre o autor:
Alexandre Lucas
*Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.