Por Elisiany Leite Lopes de Souza*
Ontem, dia 23 de julho, completou dez anos da morte do escritor Ariano Suassuna, o imortal nordestino que narrou tantas peripécias do mundo fantástico e sempre demonstrou o orgulho de sua origem e raízes.
Dentre obras famosas, a maior delas, sem sombra de dúvida, é o Auto da Compadecida que foi adaptada para o cinema e uma minissérie da televisão. Dois amigos atrapalhados, Chicó e João Grilo, tentam convencer o padre a benzer o cachorro da patroa, a mulher do padeiro. Depois da negativa querem enterrar o animal, os amigos afirmam que o cão deixou um testamento e uma parte iria para a igreja. Esse é apenas o início de diversas aventuras no sertão, e com personagens bíblicos, como Nossa Senhora, Jesus e o Diabo.
Apesar de se formar na Universidade Federal de Pernambuco, em Direito e em Filosofia, o dramaturgo nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa , na Paraíba. Foi Secretário de Cultura do Estado do Pernambuco. Além de criar o Movimento Armorial, visava valorizar a cultura popular brasileira. Como bom dramaturgo, com a peça Auto da Compadecida ganhou a medalha de ouro da Associação Paulista de Críticos.
Em 3 de agosto de 1989, foi eleito para a ABL e ocupou a cadeira 32. Seus principais romances são A Pedra do Reino, Dom Pantero no palco dos pecadores entre outros. As peças mais conhecidas são A mulher vestida de Sol, O Santo e a Porca etc. As principais características do seu estilo apresentam: o regionalismo, a cultura nordestina, a linguagem coloquial, caráter nacionalista, crítica sociopolítica, a ironia é aspectos cômicos e trágicos.
Há alguns anos antes do falecimento dele, o autor Ariano Suassuna aceitou a ministrar uma palestra no Teatro Celina Queiroz, na Unifor. Eu nunca esqueci esse dia! Era uma estudante de Jornalismo e estava na plateia. Com muito humor, ele falava com entusiasmo e patriotismo da cultura, e todas as artes, brasileira, o quão era rico! E, às vezes, muitas pessoas não davam valor, preferiam o que vinha de fora, o estrangeiro. Devido à globalização e ao capitalismo, consumíamos o padrão de vida do americano, as comidas, as músicas, os filmes, o estilo, as roupas. Fazia-se uma mistura de algumas palavras do inglês com o nosso idioma. E ele era categórico: ” Não troco meu oxente pelo ok de ninguém!”. Muito menos a pretensão de viajar para o exterior, o desejo dele era conhecer a terra que nasceu, seu país. Saí dali com os olhos brilhando. Que bela fala!
No dia da morte dele, entregou-se à imortalidade das palavras. Reconhecemos a importância dele e de suas obras às artes em geral, principalmente, à literatura que só ganhou com a escrita valorosa, e com certeza, um dos que mais me influenciou também a louvar e enriquecer o nosso nordeste e o nosso regional, pois há uma infinidade de possibilidades e temáticas ainda a serem destacadas. E assim, como ele, podemos dar mérito ao que temos.
*Escritora