Letícia Isabelle Alexandre Filgueira
Arriete Vilela nasceu em Marechal Deodoro (Alagoas) em 1949. Foi professora de Literatura Brasileira na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Poeta, contista e romancista, sua obra é extensa: Para além do avesso da corda (1980); Farpa (1988); Fantasia e avesso (1986); A rede do anjo (1995); Tardios afetos (1999); Vadios afetos (1999); Artesanias da palavra (Antologias de poemas, com participação de outros poetas); Maria Flor (2002); Grande baú, a infância (2003); Frêmitos (2004); A Palavra sem Âncora (2005); Lãs ao vento (2005); Ávidas paixões, áridos amores (2007); Palavras em travessia (2009); Obra poética reunida (2012); Contos reunidos (2011).
Já recebeu numerosos prêmios, tendo sido distinguida como mérito cultural da União Brasileira de Escritores do Rio de janeiro com a obra Lãs ao vento (2005). Dona de uma obra que tematiza a Palavra, e em consequência, a escritura (suas possibilidades, consequências e responsabilidades), Arriete Vilela abre seu novo livro – Qual? com João Cabral de Melo Neto: “Escrever é estar no extremo de si mesmo”, anunciando o que vai experimentar até alcançar o ponto final indicado na epígrafe: a luta com, na e pela Palavra: um modo metonímico de me fazer legar uma escritura de esfacelamentos, de recortes da realidade, de bordejos e de desesperanças”.
Arriete Vilela recebeu prêmios e homenagens: “Prêmio Organização Arnon de Melo” – pela Academia Alagoana de Letras; “Prêmio Cecília Meireles” – União Brasileira de Escritores (UBE); “Prêmio Jorge de Lima” – pela Academia Carioca de Letras e União Brasileira de Escritores (RJ). Em 2005, recebeu, a “Comenda Dra. Nise da Silveira”, outorgada pelo Governo do Estado de Alagoas, como uma das mulheres que mais têm se destacado no panorama cultural e alagoano. A obra de Arriete Vilela já foi estudada nos meios acadêmicos, tendo sido objeto de pesquisa de dissertações de mestrado.
Na lírica da escritora, a palavra poética e memória são os elementos basilares. Na elaboração de uma poesis, que remete à condição humana: transitoriedade e permanência. Nessa linha de pensamento, Vilela elabora os poemas dando-lhe sentidos, formas e um colorido singular, que dão um “sentimento do mundo”. A temática social, na poesia da autora, tem como alicerce uma construção poética que valoriza os sentimentos de amor, com presença frente aos inquietantes desafios que a vida impõe. Sendo esses desafios de vencer os obstáculos e redimensionar o pensamento frente à dura realidade cotidiana, que faz do poeta um ser realista e atento as dificuldades da sua vida.
Com isso Arriete Vilela, pretende fazer com que o poeta seja solidário e busque superar os conflitos da vida que é sofrida e angustiante, através da linguagem, realizando assim uma poesia capaz de criar realidades e reacender a esperança. Segue um de seus poemas sobre a Palavra:
“Poema 1” A Palavra
constrói-se a partir da própria resistência
– flor de cacto –
destrói-se seguidamente como alinhavo
– palha de ninho –
e reconstrói-se em secretas
complexidades / cumplicidades. (VILELA, 2005, p.7).
Vilela nos mostra nesse poema que a palavra traz a marca das complexidades e cumplicidades na interação do poeta/leitor com as palavras líricas centradas nos “fios” da memória nas constâncias da construção e desconstrução humana. Nessas e em muitas outras obras, Arriete Vilela inspira-nos a sermos criativos, utilizando o sofrimento de cada dia como motivo para criar cada dia algo novo que nos ajude a melhorar.
Fonte:
VILELA, Arriete. Lãs ao vento. Rio de Janeiro: Gryphus, 2005