As árvores da minha infância
Dina Melo
Eu morava num sítio, a vida passava devagar. Devagar eu me punha a olhar as árvores, as flores, a estrada, as formigas, a terra. O curral, as vacas que viravam mães, os carros de boi carregados de cana, os trabalhadores com suas enxadas nos ombros, as mulheres com os potes de água na cabeça, os ninhos de pássaro nos pés de café, os casulos pendurados nas árvores.
Via os cafezais, os pés de maracujá, de seriguela, de tangerina, os abacateiros, as laranjeiras, as mangueiras, as jaqueiras, as bananeiras, as goiabeiras, os canaviais. Ah, as árvores da minha infância foram muitas e diversas. Nelas eu brincava de mãe, de filha, de professora.
As árvores ouviam meus risos, meus gritos, meus prantos. Também sentiam meus abraços, meus carinhos. Eu gostava de passar a mão nos tron...

