Autor: Nordestinados a Ler

Indenização para início de reparação
Política

Indenização para início de reparação

Karla Jaqueline Vieira Alves A pobreza e a criminalização da população negra fazem parte do maior projeto de exclusão já elaborado pelo parlamento brasileiro, arquitetado no período pré-abolicionista e mantido até hoje por adaptações executadas por cada geração para garantia dos privilégios raciais que perduram desde a escravidão. Neste texto, pretendo relacionar dois fatos já conhecidos da História do Brasil (apenas dois dos tantos) como evidência do que aconteceu com a população negra após o 13 de maio de 1888. A NEGAÇÃO DO PASSADO PARA A PRIVAÇÃO DO FUTURO Durante o período escravocrata cada pessoa negra comprada como objeto nos mercados negreiros era obrigada a carregar um nome mercadológico. Quando batizado, lhes era (geralmente) imposto um nome cristão e por sobrenome est...
Amélia Beviláqua: mais orgulhosa do que humilhada
Literatura

Amélia Beviláqua: mais orgulhosa do que humilhada

Luciana Bessa Falar de Amélia de Freitas Beviláqua é falar de uma mulher pioneira na luta pelos direitos das mulheres em uma sociedade patriarcalista e misógina como é o caso do Brasil. É lamentável e ultrajante, que em pleno século XXI, muitas percam suas vidas pelas mãos de seus maridos e/ou companheiros. Vanguardista, Amélia Beviláqua, já na escola (São Luís) publicou seus primeiros poemas e contos. No ano de 1889, Proclamação da República, era possível ler seus textos nos periódicos pernambucanos e paulistas – Revista do Brasil. Foi, ainda, redatora do periódico O Lyrio, em Recife, ao lado da amiga Maria Augusta Meire de Vasconcelos, pioneira na luta pelo voto feminino no Brasil, no ano de 1902, o que influenciou na criação do Jornal Borboleta, em Teresina, Piauí. Na década...
A flor despedaçada
Literatura

A flor despedaçada

Maria Jardiele  A flor da primavera se despedaça todo ano Qual seria a harmonia do campo? Tento me distrair, mas a flor da primavera com pétalas despedaçadas Faz-me sentir como ela Oh, como está planta despedaçada! Dá dó ouvir, dá dó de tocar No final é tudo lindo, Mas o que garante que é para sempre? Sobre o autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti (Crato)
Sistema
Literatura

Sistema

Francisco Joherbete A saúde pública É um problema São pessoas em filas, morrendo São pessoas pobres com muitos problemas. O sistema único de Saúde Vem se agravando E o governo assistindo O povo quase se matando. São pessoas morrendo Por falta de cirurgias São pessoas em direção à morte Por falta de médicos e regalias. O governo, o que faz? Será se não percebe? O povo morrendo de dor? E vocês usufruindo do que não merecem? Será se vão deixar A população se matar? Ou será se vai agir? Em prontidão ao bem-estar? Saiba que o mundo vem piorando E a população o que acha? Ela vem só piorando!! Ou vocês acham mesmo Que ela está aceitando? Saiba que muitas pessoas Não são como lagartixa Que balança sempre a cabeça ...
As cartas sem futuro
Literatura

As cartas sem futuro

Alexandre Lucas Deixo uma carta junto às contas do mês. Coloquei no envelope, passei cola e propositalmente ignorei o destinatário. Talvez nunca seja lida, se perca na correria e no amontoado de coisas que vamos juntando ao longo da vida.   Na vida, juntamos pedaços de acontecimentos e de coisas. As cartas são coisas e acontecimentos que atravessam o mundo e nossas paredes.   Parece que escrever tem sido a companhia mais tranquila, tenho pensado insistentemente em casar. As palavras são mais que uma transa casual e não têm hora para acontecer. Às vezes, de madrugada, acordo cheio de vontades para dançar; outras, ao meio-dia, o sol escorrendo pelas pálpebras e as palavras deslizando na inquietude dos pensamentos.   Escrevo cartas, algumas com destinatários, a...
Silêncio quase amor
Literatura

Silêncio quase amor

Flávia Letícia Vi teus olhos em névoa tardia, palavra selada, desejo contido. Foste sombra na beira da dança, presença que some, mas nunca é esquecida. Ele veio com passos marcados, fez-se abrigo sem ter tempestade. Ofereceu-me céu em seus braços, mas meu peito... buscava outra verdade. No espelho, dois nomes sem rosto, um sorriso, um abismo, um sinal. Aceitei a calma que me ofereciam, mas ouço teu nome no meu vendaval. Entre beijos guardados e promessas caladas, há um crime que ninguém cometeu: amar demais, amar errado — ou amar quem nunca escolheu. Sobre a autora: Letícia -Poetisa de amores silenciosos e mistérios não ditos, minhas palavras guardam o que não pode ser revelado. Flávia Letícia - Estudante e integrante do Clube da...
Ele e Ela
Literatura

Ele e Ela

Emily dos Santos Ela era a tempestade Mas ele amava a chuva Ela era o dilúvio Mas ele amava as ondas Ela era o apocalipse E ele amava o caos Ela era o mal Ele amava o ruim Ela era o sol E ele amava ir à praia Ela era confusa Mas ele a amava Sobre a autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti (Crato
A Literatura faz o quê?
Literatura

A Literatura faz o quê?

Luciana Bessa Semana passada, a professora e colunista do Blog Literário: Nordestinados a Ler, Shirley Pinheiro, com os dedos “movidos pelo ódio”, escreveu um texto intitulado “Literatura não faz revolução”? A ira, esse pecado capital tão comum nas histórias literárias, nasceu quando ela escutou de um marxista de “uns vinte e poucos anos nas costas”, que a “Literatura não faz revolução!”. Shirley Pinheiro só não citou todos os literatos e teóricos marxistas (brasileiros, franceses e alemães) que enfatizam o poder revolucionário da literatura, porque além de levar um tempo infindável, ainda assim, não convenceria o tal revolucionário. E, no fim das contas, não se trata de convencer A ou B. Além do mais, devemos lembrar que o ponto de vista do outro não é necessariamente certo. “Pod...
Voraz, grandiosa e disposta
Literatura

Voraz, grandiosa e disposta

Ludimilla Barreira Na borda da plataforma, sentia a imensidão do vazio debaixo dos meus dedos dos pés, enquanto pisava na aridez do cimento com meus calcanhares. Era o momento da decisão entre o nada e a firmeza do concreto. Mirava o ponto onde se fundem céu e mar. Respirava fundo. Retirava o pé direito da base. Prendia a respiração. Pisava no desconhecido. Durante a queda, apenas a certeza do vazio, até o momento em que mergulhava na água, quando você não sabe se é ela que te fura ou o contrário. Esse elemento essencial da vida pode ser tranquilo ou perturbador, depende da sua resistência. Do alto parecia um vidro blindado que não se romperia com o peso do meu corpo, mas, quando atingido, abria-se para me sugar e se entranhar em todos os lugares. Enquanto afundava com meu peso, s...
A mulher desiludida, livro de contos de Simone de Beauvoir
Literatura, Sem categoria

A mulher desiludida, livro de contos de Simone de Beauvoir

Marta Kécia Publicado originalmente em 1968, o livro A mulher desiludida, da filósofa francesa e escritora Simone de Beauvoir, reúne três contos que retratam os dramas e conflitos existenciais femininos em torno da maturidade, do amor e da identidade (Silva; Nóbrega, 2022). O fio condutor das três narrativas, conforme se pode observar a partir da leitura das mesmas, é a desilusão das protagonistas diante das promessas falidas da vida conjugal, da maternidade e da própria feminilidade, numa sociedade que as condiciona à dependência afetiva e à invisibilidade. Os contos são: “A idade da discrição”, “Monólogo” e “A mulher desiludida”. Este último, que intitula a obra, será o foco desta análise crítica a seguir. No primeiro conto, Beauvoir apresenta a vida de uma escritora idosa que e...