Autor: Nordestinados a Ler

A violência nas escolas e o enfrentamento necessário
Cultura

A violência nas escolas e o enfrentamento necessário

Por Alexandre Lucas* O país vivencia uma onda preocupante de violência nas escolas que se integra a uma série de fatores conjunturais. A violência escolar compõe a mesma moeda que referenciou o fascismo e o bolsonarismo aos espaços de poder, logo, não é um fator isolado e de pequena proporção, pelo contrário se alimenta de estruturas ideológicas e econômicas concretas. Na ascensão das forças conservadoras e reacionárias de caráter fascista, que vem tendo crescimento significativo dentro processo eleitoral brasileiro, podemos constatar alguns elementos: Promoção do ódio (ao invés de discurso de ódio), uso indiscriminado de plataformas digitais para espalhar narrativas mentirosas e anticientífica contra a democracia, violência e a naturalização da opressão e da exploração. Os h...
Crato: 2% do orçamento para cultura, ainda é pouco 
Cultura

Crato: 2% do orçamento para cultura, ainda é pouco 

Por Alexandre Lucas*  O Município do Crato (CE), em 2022, gastou do orçamento municipal 0,67%, cerca de 85% deste percentual foi gasto com folha de pagamento e encargos sociais, menos de 15% foi destinado para fomento e outras despesas da pasta. Nos últimos sete anos, o investimento no setor cultural não chegou a 1%. O resultado destes números tem incidência direta no processo de sucateamento dos equipamentos culturais e na política de fomento artístico-cultural.  O Crato, cidade conhecida como “capital da cultura”, conceito elitista, inadequado e excludente demonstra contradições e equívocos. Atualmente, o conjunto dos equipamentos culturais do Município estão fechados ou apresentam condições inadequadas para uso: Museu Histórico e de Artes Vicente Leite, Teatro Salviano A...
O escritor e o público
Literatura

O escritor e o público

Luciana Bessa Para a existência de um texto ou de uma obra literária, pressupõe-se necessariamente alguém, um indivíduo, diante de uma folha em branco, com uma pena na mão, ou em tempos de modernidade líquida, na frente do computador, na tentativa de traduzir, em palavras, o que se passa em seu interior. Eis o escritor. Para isso faz-se necessário que ele ou ela - Clarice Lispector dizia que ao escrever não era homem nem mulher - seja imbuído de competência, domínio da técnica, capacidade imaginativa e criadora, inspiração e talento capazes de produzir obras que atravessem séculos e permanecem imortalizadas no âmago do leitor e do público. Às vezes, eu costumo imaginar os escritores como antigos navegantes indo em busca de aventura em altos mares. Eles se arriscariam no reino das ...
Misturamos as coisas
Literatura

Misturamos as coisas

Por Alexandre Lucas Manhã nublada, dia com cara de choro. Hoje, li Drummond. Estava melhor que do que a manhã: piadista, com palavras quentes, duvidoso como sempre. O poeta que também se faz nublado, mesmo diante do sol. Não quero falar da manhã, do poeta e nem da cara de choro do tempo. É porque escrevo assim mesmo, atravessado de fragmentos e de histórias misturadas.  Misturo amendoim com amor, às vezes dar tudo certo, outras dar dor de barriga.  Por falar em histórias, elas sempre nascem de outras histórias. O presente é sempre uma transa com o passado, mas o gozo nunca é uma garantia.  Estava pensando nas ilhas, dizem que elas são isoladas, acredito que seja mentira, sempre as vejo juntas das águas. As sereias, que são mentiras, são tão verdadeiras como as ilhas...
A força da mulher na obra Éramos Seis, de Maria José Dupré
Literatura

A força da mulher na obra Éramos Seis, de Maria José Dupré

Luciana Bessa No início do século XX, poucas mulheres tinham acesso à educação e ao espaço público, pois sendo consideradas seres inferiores estavam em casa servindo ao pai e, depois do casamento, ao marido. Marginalizadas, inferiorizadas, vistas muitas vezes como aberrações, a história das mulheres é marcada pela exclusão, pelo silêncio e pela subalternidade. Ser do sexo feminino era sinônimo de indolência, passividade e obediência às normas sociais. Logo, o cânone literário foi dominado majoritariamente por homens brancos e frutos de uma elite. Sem formação e informação a autoria feminina foi marcada pelo reducionismo. Por isso, é necessário compreender a participação da mulher ao longo da história, seja na condição de criadora, ou como criatura, haja vista que ela era retrat...
A força das mulheres Gattai
Literatura

A força das mulheres Gattai

Luciana Bessa* Publicado em 1979, ano em que recebeu o prêmio Paulista de Revelação Literário, a obra Anarquistas, Graças a Deus, da memorialista Zélia Gattai, com mais de duzentos mil exemplares vendidos, é o registro do nascimento da própria autora, sua infância e adolescência, mas é também um importante relato da imigração italiana na cidade de São Paulo, no início do século XX. Nesta obra, a “vida explode”, como diria o incentivador e marido de Zélia, Jorge Amado. Ao narrar a si, a escritora narra o(s) outro(s) – espanhóis, libaneses, portugueses - imigrantes como ela que viveram nos bairros do Brás, Bexiga e Mooca, - marginalizados por sua cor, por sua nacionalidade, por seus valores e suas ideias em construir um mundo sem hierarquias, baseado na cultura da autogestão, da solida...
O grito se fez pó 
Literatura

O grito se fez pó 

Por Alexandre Lucas*  Passei horas escrevendo, fiquei despida, tirei cada palavra que escondia minhas cicatrizes e as feridas abertas, ainda tinha sangue fresco. Desenhei, no meio do papel, um olho; na mesa tinha um copo de vidro cheio de água para acalmar meu corpo trêmulo e minha respiração ofegante. Deram-me dez bolachas, já que não quis almoçar, não comi nenhuma, as formigas é que aproveitaram.  Somente nós, eu, nua diante papel e ele suportando minhas vestes e o peso imensurável das palavras.  Ele sabia os meus segredos, as minhas dores encobertas. O simples papel virou meu confidente. Sabia da profundidade e de cada detalhe dos vulcões e dos terremotos que gritavam dentro de mim. Conseguia fazê-lo sentir o brilho do meu olhar, quando era festa ou inundação. Escre...
Sou uma mentira
Literatura

Sou uma mentira

Por Alexandre Lucas* Já confundo todos os olhares e desconheço todas as luas. Construo versos para trincar certezas e já não me deito na cama para enganar o coração. É tempo de amor, porque ele nunca sai de moda. Sou toda mentira que o amor é capaz de fazer. Inventei na palavra que o amor era maior que a imensidão do universo e previsivelmente mais quente que o sol, fui dogmática e professei que o amor era eterno. Lógico que dopada e embriagada pela realidade alienante. Eu espedaçada, fui triturada, mas o amor nos faz mosaico, um todo formado de pedaços. Enquanto me deito, não espero nada, mentira, estou esperançando e de vez em quando sonho, nem tudo é desespero. Ainda vejo estrelas e mares nos olhos. Estou vivinha, ainda, assim quero ficar.  Porque dizem por aí que o amor é...
<strong>Denunciante</strong>
Literatura

Denunciante

Por Alexandre Lucas* O som da respiração faz poesia entre os corpos. Hoje, a lua tem sol e o chá é afrodisíaco. Escrevo devorando a imaginação. Vou vasculhando as palavras e mordendo os lábios no bailado de imagens. Solto um sorriso e me dano a escrever, como quem quer despir o papel, sentir a  carne, o suor escorrendo entre as linhas, o  ventre molhado, olhos bambos,  sons  desequilibrados,  letras bêbadas e um convite para daqui a pouco. É apenas o papel denunciante da intensidade humana. Incêndio, a poesia está em brasas e a razão resolveu se esconder. Contínuo escrevendo, buscando intervalos da imaginação do que não existiu, mas tudo existe. Saio, dou algumas voltas, talvez quisesse estar numa canoa sendo levado pela pele do rio, ou numa trilha sentindo o...
Chupa essa manga!!!
Literatura

Chupa essa manga!!!

*Carla Castro Se você não nasceu em Fortaleza/CE, dificilmente vai entender a metáfora dessa frase “chupa essa manga!” Essa expressão não está relacionada à saborosa fruta que em períodos sazonais mais precisamente após o mês de outubro brotam das mangueiras. Sejam elas do tipo: Espada, Rosa, Tommy, Palmer ou Ubá, contém proteínas e vitaminas; sejam elas verdes, amarelas ou avermelhadas tem um sabor inconfundível e irresistível. Entretanto o artigo intitulado “Chupa essa manga” tem como objetivo apresentar a diversidade de formas em que a palavra “manga” é utilizada em seus mais diversos contextos e com significados diferentes. A começar por essa que nomeia o artigo. Chupa essa manga!! De acordo com os dicionários informais você poderá usar essa fala quando se referir a alguém que es...