Literatura

Inter-relações entre memória, história e identidade
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Inter-relações entre memória, história e identidade

Ludimilla Barreira* Ao realizarmos um percurso entre memória, história e identidade, precisamos considerar fatores como: tempo, espaço e necessidade. Uma vez que, tais fontes podem variar entre interpretações do passado e presente, de quem está no centro ou nas margens, além de, ser manipulada conforme a necessidade do narrador.  Desta feita, percebemos características contrastantes no percurso formativo desses três elementos, como: a maleabilidade ao serem manejados e a possibilidade de rigidez após serem sedimentados com a passagem do tempo. Diante disso, sobre a memória, para além da capacidade de armazenamento de informações, que, atualmente, pode ser desempenhada por dispositivos eletrônicos, desempenha o papel de um acervo que é requisitado pela mente humana para balizar s...
A moda desintegral de escola
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A moda desintegral de escola

Alexandre Lucas* O modelo cearense de Escola de Tempo Integral se tomou produto de "importação" nacional. O país instituiu o Programa de Escola em Tempo Integral para Educação Básica, a partir da Lei 14.640/2023. É recorrente a defesa da ampliação da jornada escolar nos últimos anos, principalmente em períodos eleitorais, no entanto, existe um esvaziamento do debate pedagógico sobre essa questão. A Escola de Tempo Integral está meramente a serviço do mercado e vem se caracterizando pela fragilidade pedagógica e no isolamento preventivo da nossa juventude nos moldes apresentados. Outro aspecto que tem sido relacionada à Escola de Tempo Integral é a redução da violência e do envolvimento dos jovens na criminalidade. O empreendedorismo enquanto discurso dominante do neoliberalismo es...
O canto da sereia e outras mentiras
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O canto da sereia e outras mentiras

Alexandre Lucas* A imaginação é uma fábrica de delícias também. Deposite a fartura de sorrisos que não caibam nos olhos, misture com algumas mentiras e sacuda com os oráculos das estrelas. Se engane, nem que seja só por uma tarde, talvez adentre a noite os ruídos de brilho. A embriaguez e a lucidez se entrelaçam. Desconheço os caminhos que podem chegar aos seus lábios, estão distantes como a lua, as vezes a gente acha que ela cabe na mão. A distância da realidade é sempre enganosa. Enquanto escuto música cubana, tento convencer a distância que faz canto de sereia. Como chocolate, sinto a maciez do seu doce. As roseiras continuam na varada se expondo, estão em oferta. O chocolate, a música e o corpo ausente me fazem passear pela beira dos teus seios. Os meninos atrapalham o meu pas...
Chuva Secreta
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Chuva Secreta

Luciana Bessa* A obra Chuva Secreta, publicada em 2013, da autora e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Állex Leilla, nascida em Bom Jesus da Lapa, é composta por nove contos permeados pela simbologia da chuva. Chuva é o símbolo da fecundidade e da fertilidade. É o elemento que promove reflexões, descobertas, autoconhecimento e desfechos esperados/inesperados, cabe ao leitor inferir, na obra leilliana. A autora que coleciona citações e epígrafes, abre o livro com trechos de poemas. O primeiro, “Cai chuva do céu cinzento”, do português Fernando Pessoa, o segundo, Canto I - XXV – “Qualquer que seja a chuva desses campos”, do modernista Jorge de Lima e, por fim, somos presenteados com os versos do jornalista e sociólogo, Alberto da Cunha Melo: “Toda m...
O dedicado
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O dedicado

Francisco Joherbete* O estudante brasileiroÉ uma pessoa capacitadaUma pessoa instruídaUma pessoa com força e garraÉ aquela que quer ser felizA que quer ter orgulhoE bater o peitoE falar sorrindoEu conseguiCumprir meu desejo. O estudante cratenseÉ um aluno arretadoÉ aquele que orgulhar o professorE manter um legadoDe ser aluno forteSimpático e esforçadoCom caráter e determinaçãoNão vai se deixar vencerVai se dedicar os estudosGanhar e vencerVai ser lembrado na escolaE ninguém irá o esquecer. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. "Abrace sua tristeza".
Um sonho…
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Um sonho…

Gracynha Rodrigues* Era sexta-feira, e quase pedi o horário. Teria que estar no trabalho às 07h em ponto. Cheguei a tempo e passei direto para sala: isso mesmo, um professor em mais um dia de aula, indo para sala ministrar aula de sociologia. Naquele dia houve um contratempo, mas para um professor era algo considerado normal. Será? Romantizar acontecimentos, fingir que estar tudo bem, por “panos quentes.” Será essa a forma correta de tratar uma sociedade e formar cidadãos? Que sociedade é essa? Uma massa que corre na contramão do tempo, tentando contornar e desfazer algo já enraizado, assim é a luta diária de um docente, um indivíduo que ousou no auge de sua inconformidade tentar mudar, inovar e fazer o seu melhor. Consigo carregava apenas um pincel, um livro e uma vontade imensa de ...
Sou do Gesso
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Sou do Gesso

Alexandre Lucas* Em cima do morro tinha um muro amarelo, pássaros enormes se reuniam: eram urubus, catando carniça. Esgotos olhando para os céus. Poeira branca da Gipsita. Os trens, os trilhos e o povo dividido. Um horizonte marcado pelo deserto e pelo despossuído. A poesia escondida pela exclusão e o silêncio, mas não foi o povo daqui que pariu os tormentos. Ainda era criança quando percorria essa paisagem e descobria cada pedaço deste lugar e sua gente. Sou cria da costureira e do sapateiro. Cresci na beira da linha, soltando pipa, correndo nos vagões e subindo num amontoado rochas. Nada é imutável, nem a terra e muito menos os donos do poder. As coisas por aqui estão mudando, mas ainda não é a revolução.  Aos poucos a poesia vai brotando das mãos inquietas que se unem...
De quantos pedaços é feito uma mulher?
Literatura

De quantos pedaços é feito uma mulher?

Luciana Bessa* Uma mulher tem quantos pedaços? Depois que esses pedaços se espalham, é possível juntá-los? Uma mulher é composta de tantas partes, egoísta, generosa, introspectiva, materna, vaidosa, talentosa, medrosa, que às vezes, me pergunto: é possível conhecê-la em sua totalidade?  Isso me fez lembrar Sigmund Freud em uma conferência no ano de 1932 sobre o feminino. O pai da psicanálise relatou um caso clínico de uma de suas pacientes, Marie Bonaparte, e a comparou com um enigma: " a grande pergunta que não foi nunca respondida e que eu não fui capaz ainda de responder, apesar de meus longos anos de pesquisa sobre a alma feminina é, o que quer uma mulher?”. Na impossibilidade de uma única resposta, pensemos: uma mulher... Quer ser respeitada em suas escolhas.  Qu...
Além do que os olhos veem
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Além do que os olhos veem

Amelie Alves* você me perguntas, - oh! Por que guardar rosas murchas? sendo que seu brilho e esplendor já passaram, igual o sol se pôs! - eu lhes digo meu belo, em todos existem beleza, basta enxergá-los de outra maneira! igualmente como um falecido parente em seu túmulo, admiramos seus feitos mesmo sem o ver. para mim, o que me importou não foram as rosas, e sim seu ato de dar-me.  Sobre a autora: Amelie Alves *Atualmente, tenho 12 anos e sou novata no sétimo ano do Colégio Municipal, Crato. Sempre tive um certo interesse na literatura e me tornei poeta em 2023, porém nunca tive coragem de publicar minhas obras. Esse ano, na intenção de experimentar novas coisas, tomei a iniciativa de publicar alguns de meus poemas em minha rede social. Mas, com o incentivo...
Palavras, bananas, melancias
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Palavras, bananas, melancias

Alexandre Lucas* Encontro com a Ladainha de Bruna Beber na rodoviária. Seu poema, meu estado de espírito. É preciso despir suas páginas para ver os seus intervalos de subjetividades, os seus não ditos, ditos. O seu furacão de palavras. Atiro pedras para derrubar as estrelas. Cato sorrisos para compor um navio. Como purpurina para brilhar. Acordo às quatro da manhã para não sonhar mais que isso. Tomo café, escuto Belchior e penso em dona Lia, costurando as minhas camisas com gola de padre. Entre umas palavras e outras, vou adiando o vinho, só adiando. Bruna Beber está do lado, pernas cruzadas, casa vazia. Interrogo os meus soluços e os meus monstros escrevem sonhos de amor. As crianças brincam, enquanto os adultos ignoram suas vidas. Lembro do dia anterior: a desumanidade estava pa...