Literatura

Habitações de gente
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Habitações de gente

Alexandre Lucas* As águas são ruas que nos habitam. Trânsito misturado de gente, veias abertas de sangue e segredos. Recomeço. O rio está cheio, nadar ou afogar. Os rios estavam cheios outras vezes, arrastaram corações, enlouqueceram a esperança. O rio fugiu, levou a água e deixou uns versos. As folhas secas dançam na areia solitárias do sol e do vento. As coisas estão mudando a todo tempo, mas parecem que as pedras não saem do lugar. Os rios se movem, como as navegações entre as línguas. As línguas navegam. Nunca aprofundamos o assunto. Talvez seja o medo, o desafio de não naufragar. Exige trabalho, paciência, transformar areia seca em sereia e mar.  Calma, a sereia desaparecerá: ficará o canto e o mar. Joga os Nerudas que te restam e atravessa os rios e mares possívei...
Estações
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Estações

Francisco Joherbete* No inverno chuvosoNo verão de racharNa primavera bonitaNo outono sinto o despertarNas estações sem solNa calada da noiteNo jardim floridoSinto ambas as coisas e cores. Coisas bonitasCoisas formosasCoisas lindasÉ igual a AuroraColorida de tintaVerde e FormosaClara e recheadaComo o amorDe uma pessoa estrondosa. Nas estaçõesNo amorNas coisas divergentesNo sofrido do mundoObservo inconvenienteDe pessoas ruinsSem amorE agindo de repente. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. "Abrace sua tristeza".
Afinal, quem matou Sherazade?
Literatura

Afinal, quem matou Sherazade?

Ludimilla Barreira* Conheci o livro Eu matei Sherazade, escrito por Joumana Haddad, por sugestão do “Clube de Leitura Entre Livros e Afetos”. Inicialmente, pelo título, acreditei piamente que o livro seria um suspense com muita investigação e teorias sobre a morte de uma personagem icônica. Afinal, até o leitor que se conforma com bula de remédio já ouviu falar de Sherazade e “As mil e uma noites”. Cometi um erro de principiante: o velho “julgar o livro pela capa”, mas, no meu caso, foi pelo título. Comecei de forma despretensiosa a minha leitura, sem me preparar para as reflexões para as quais fui arremessada. Felizmente, fui surpreendida. Há pouco tempo, fui tomada por uma necessidade de ler mulheres que trazem às suas próprias experiências como pano de fundo do que produzem. Estou...
Liguei a TV para ver Paris e assisti às mulheres brasileiras colecionando medalhas
Literatura

Liguei a TV para ver Paris e assisti às mulheres brasileiras colecionando medalhas

Luciana Bessa* As Olímpiadas desse ano acontecem em Paris, Cidade Luz para os intelectuais; Cidade do Amor, para os românticos. Mesmo eu não sendo uma mulher que fica em frente à televisão assistindo jogos, talvez porque nunca tenha praticado nenhum esporte, embora não seja uma pessoa sedentária, Paris me mobilizou de tal forma, que passei a acompanhar as competições dentro do que era possível, na vã tentativa de conhecer um pouco mais dessa cidade, cujas ruas pretendo andar um dia. É realmente um país deslumbrante, França. Não é à toa que até abril deste ano, tenha recebido aproximadamente 5 milhões de turistas, praticamente o dobro do Brasil, nesse mesmo período. E acreditem: apesar de sermos um país marcado pelas desigualdades e termos inúmeros problemas econômicos e políticos, o ...
O golpe
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O golpe

Francisco Joherbete* Acreditei numa pessoaDepositei confiançaColoquei lealdadeEm nossa segurançaSó que de repenteEla rompeu nossa aliança. Ela me abandonouNem olhou para trásAinda disse sorrindo:tchau, até nunca mais. Uma pessoa astutaRespondeu-me com maldadePorque apenas perguntei:como fica nossa amizade? Ela me fezDerramar muitas lágrimasFoi a ela que conteiO que mais me abalavaSó que numa fraseEla me quebrou e me tratouComo uma velha tralha. Me golpeouMe usouMe traiuMe acusouE me iludiuMas não ficareiPor muito tempo assimPois agoraConheci outra pessoa que me fez felizTomara que elaNão me traga tormentoAssim como eu sofriNaqueles anos de sofrimento. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de...
Candidatura da cultura no Crato
Literatura

Candidatura da cultura no Crato

Alexandre Lucas* É indiscutível a necessidade de uma candidatura comprometida com o setor cultural para Câmara Municipal do Crato. Precisamos de parlamentares que sirvam como extensão das nossas vozes e das deliberações coletivas das instâncias previstas no Sistema Municipal da Cultura. Em tempos eleitorais é previsível uma enxurrada de oportunistas querendo representar, comprar e iludir o setor cultural. Temos um caminho percorrido e que precisa ser enxergado e consolidado enquanto álibi jurídico e político. Esse caminho é fruto da luta determinada, do enfrentamento e da articulação de amplos setores da cultura. Nada foi dado! A combatividade do setor cultural resultou em conquistas: A instituição do Sistema Municipal de Cultura (2014), Lei Municipal do Cultura Viva (2021), Plano Mu...
Quem quer medalha?
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Quem quer medalha?

Ludimilla Barreira* Enquanto assistia Bia Sousa ganhar a medalha de ouro nas Olimpíadas de 2024, refletia sobre o que seria um corpo de atleta, uma vez que ela não se encaixa no dito corpo padrão que exigem de todas nós. Nem preciso me prolongar nessa descrição, todos sabem do que se trata. Mesmo assim, Bia encontrou seu lugar, apresenta uma alta performance e conquistou o nosso primeiro ouro nos Jogos de Paris 2024. Em seguida, soube de toda a polêmica envolvendo a lutadora argelina Imane Khelif e tive o desprazer de ler parte do ódio destinado a ela pelas redes sociais, com a insistência em questionarem seu gênero. Tudo isso por causa de um teste hormonal ao qual ela foi submetida, com um método de testagem confidencial e que clinicamente não é o mais indicado, conforme o Comitê Ol...
Ler é desnecessário
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Ler é desnecessário

Gracynha Rodrigues* Estava no Office Café sentado e ouvindo o som dos pássaros, e o barulho ensurdecedor dos carros frenéticos, que insistiam em passar e chegar ao seu destino, então escutei a seguinte fala: “LER É DESNECESSÁRIO”, e isso soou como uma agressão pessoal e coletiva, afinal para um apreciador das palavras ditas e não verbalizadas, isso realmente foi o fim da picada… de súbito pensei que deveria questionar o “ sujeito”, mas por um instante parei e resolvi recuar, pois seria perda de tempo, ele já tinha sua opinião formada, e nada do que dissesse naquele momento faria o indivíduo mudar de opinião, mas uma faísca se acendeu: Será que o sujeito tem razão? de repente algo gritou dentro de mim: NÃOO!!! Um não bem latente e petulante tomou espaço e me atrevi, passando a questionar...
Os poetas
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Os poetas

Francisco Joherbete* Os poetas que já viForam pessoas renomadasPessoas destemidasPessoas admiradasCom orgulhoPoder e muita garra. Com muito orgulhoBateram no peitoAté disseram:Eu venci!!E eu as respeitoPois foram fortesModestas e as tratoCom muito zelo. Que bom que as conheciTive o prazerDe fazer alguém felizConhecendo e admirandoDeixam o meu mundo felizE alegram a vidaDaqueles que a elesConheceramE que eles fizeramMuito chorarem e sorrir. Sobre o autor: Francisco Joherbete *Aluno do 8° ano do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti. Gosta de ler poesias e de fazer também. "Abrace sua tristeza".
Os Rios Turvos
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Os Rios Turvos

Luciana Bessa* Publicado em 1993, Os Rios Turvos, da professora e escritora pernambucana Luzilá Gonçalves Ferreira, é uma obra agraciada com o Prêmio Joaquim Nabuco da Academia Brasileira de Letras (ABL), concedida a biografias. O livro é a biografia romanceada do poeta Bento Teixeira, autor de Prosopopéia (1601), poema épico dedicado a Jorge d’ Albuquerque Coelho, o então governador da Capitania de Pernambuco, que marca o início da escola barroca no Brasil. Interessante é o fato de o autor ter nascido em Portugal, escrito e publicado o poema em sua terra natal e falarmos de um Barroco brasileiro. Bento Teixeira, leitor de obras clássicas, homem que não media as palavras que proferias: algumas doces, outras severas e descabidas; cristão-novo (judeu), estudou no Colégio dos Jesuíta...