Literatura

Limitada musicalmente
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Limitada musicalmente

Luciana Bessa Sou limitada musicalmente. Sou daquelas que gosto de um estilo, de uma intérprete e fico presa por vontade naquela galáxia musical. Tem coisa melhor do que consumir tudo (ou quase tudo) do que as cantoras que ficam ao lado esquerdo do peito produzem? Quando sou perguntada sobre as vozes que me transpassam, já tenho uma pequena lista na ponta da língua: Maria Bethânia Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Vanessa da Mata, Cássia Eller, Paula Toller, etc. Por isso, quando fui indagada se iria ao show da Flaira Ferro, vi-me perdida no meio do Coliseu vivendo uma encenação de batalhas não baseadas na mitologia clássica, mas no universo musical. Flaira Ferro? Dizem que se você responde uma pergunta com outra pergunta é por que está precisando ganhar tempo para encontrar a ...
Casas de sopros
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Casas de sopros

Alexandre Lucas Mergulhar no sol seria mais fácil quer mentir. Trair-se é um ato doloroso. Antes de iniciar a batalha, Pablo Neruda é lido – Para Nascer nasci. Intenso e cheios de códigos, desbravava o desejo de viver. Mainha está distante, Neruda nas mãos. Não saberia dizer o quanto a ama, mas queria a intensidade das palavras do poeta para embalar o seu amor, ou simplesmente, um abraço silencioso de quarenta e seis anos. Não seria o suficiente. Painho acordou cedo, feito menino, foi comprar um brinquedo para gente grande – uma máquina de chanfrar couro. Ainda sonha em calçar pessoas. A máquina de chanfrar serve para amolecer o couro, dar poesia no gingado da pele morta. O filho, norte e poema maior, tem seu jeito próprio de declarar amor. Hoje, não almoçou com o pai, mas já t...
Camisa engelhada
Literatura

Camisa engelhada

Alexandre Lucas Acordou às duas horas, achando que já eram quatro. Tentou em vão dormir novamente, reboleou na rede, mas nada de pregar os olhos. Seguiu a rotina: tomou banho, colocou água para ferver com depois ovos, aproveitou a mesma água para fazer o café. Tomou dois goles de café e seguiu para a academia: vinte minutos de esteira, depois as outras máquinas—dia de perna. Voltou escutando um podcast sobre literatura. Trocou de roupa para ir ao trabalho, antes tomou um café no pai como um pedido de bênção.   Rumo ao trabalho, vai lendo um livro de poesia para ver quem passa nas páginas. Quer se desligar do mundo e dos seus problemas. Por alguns instantes, se conecta à paisagem do livro.   Perderam a chave, porta fechada. Espera alguns minutos para bater o pon...
A modernidade
Literatura

A modernidade

Gracynha Rodrigues A sociedade pede humores, e não rumores. Chega de querer essa tal fama fácil, esse status aparentemente alcançável, a busca incessante, e por vezes, alienante levará ao fim a espécie humana? O status quo desafia o próprio indivíduo a passos lentos e temerosos, o existir, a acessibilidade aos poucos usurpa o tempo este companheiro diário, e quando se vê já foram 12h do seu precioso “time”. A correria frenética, a busca pelo apogeu, os likes esperados, o ver não vendo, o ouvir e não escutar, o buscar desenfreado por mais, e o frenesi te devoram. Querer provar o improvável, ter ou ser, eis a questão? Não paramos, sucumbimos e assim nos curvamos, adoramos e louvamos aos seres mortais e digitais existentes. Beiramos a ignorância e, pasmem, nem percebemos, somos robotiza...
No Escuro, SOU TÃO INSEGURA
Literatura

No Escuro, SOU TÃO INSEGURA

Shirley Pinheiro Eu amo quando me encontro nos versos de uma música. É quinta-feira de novo, parece até que as minhas palavras só encontram seus caminhos depois desse pôr-do-sol. Mas, com a devida apropriação da liberdade poética, consideremos que o universo conspira a favor do meu encontro com a poesia, no dia mais cansativo da minha rotina, pra me lembrar que algo ainda vale a pena. Nesta quinta, especificamente, No Escuro, Quem É Você? Faz exatamente 38 minutos que terminei de escutar o álbum recém-lançado de Carol Biazin e encontro-me estatelada no chão do meu quarto, rodeada de gatos, a dois minutos da meia noite, sentindo o que não deveria: uma vontade danada de dançar desgovernadamente no escuro, mesmo tendo que acordar nas próximas cinco horas para ir trabalhar e mesmo ...
As mulheres de O Quinze, de Rachel de Queiroz
Literatura

As mulheres de O Quinze, de Rachel de Queiroz

Luciana Bessa A escritora francesa Simone Beauvoir (1908-1986) em sua obra O Segundo Sexo (1949) propunha que a mulher construísse o seu próprio destino. Para isso, seria necessário romper com os padrões criados pela sociedade patriarcal de que o gênero feminino deveria ser alicerçado na anatomia da “boa esposa”, “boa mãe”, responsável pelo sucesso do “núcleo familiar”. Simone de Beauvoir, que visitou o Brasil na década de 1960 em companhia de Jean Paul-Sartre (1905-1980), inspirou (e continua inspirando) mulheres no mundo todo a partir de suas reflexões sobre a construção social do gênero feminino. Não sei se a escritora brasileira Rachel de Queiroz (1910-2003) leu Beauvoir, porque em várias entrevistas, ela afirmava não ser feminista: “Não sou feminista: acredito no homem e na mulh...
Literatura
Hillary Siqueira Era por volta das 5h da manhã; o sol ainda estava escondido. Dava para ver da janela do quarto, os galhos das árvores balançando lentamente. Levantei da minha cama e fui preparar meu café da manhã. O cheiro do café passando pelo coador era tão forte e presente que toda a sala foi tomada pelo delicioso aroma quente. Com a frieza que fazia naquele momento, o cheiro era acolhedor. Após o café estar pronto, enchi uma xícara generosa e fui até a porta para assistir ao nascer do sol. O clima estava ainda mais frio do que parecia. Sentei no  pé da porta e fiquei aguardando. O tempo parecia parado. Levantei e dei cinco passos; senti a grama gelada em meus pés descalços, mas era tão macia que parecia que eu estava caminhando sobre algodões gelados. Essa sensação era únic...
Amor na adolescência
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Amor na adolescência

Geysi dos Santos Amor na adolescência, um jogo a se jogar,   Talvez seja besteira, mas quem pode afirmar?   Às vezes, uma sorte de encontrar alguém,   Que viva ao meu lado, até o fim também. Mas a ilusão persegue como sombra a dançar,   Adolescentes pensam que sabem amar.   Acham que entendem o que é o coração,   Mas mal viveram a metade da própria emoção. Sobre a autora: Geysi dos Santos - Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal (Crato)
Quebra-cabeça
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Quebra-cabeça

Bianca Morais Moreira Para este poema tive Que pensar Primeiro a vida tava A me alegrar Tendo sempre amizades E felicidades Essa foi a primeira Peça A segunda começou A desandar as meninas Estranhas a ficar Cada vez mais distante Meu amor e meu coração ficavam... Peça três são as brigas Sem fim na escola e em mim A quarta e agora Está cada vez pior a minha história .... Sobre a autora: Estudante do Colégio Pedro Felício Cavalcanti (Crato)
Entre verdades e mentiras
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Entre verdades e mentiras

Geysi dos Santos Eu boto fé na minha própria ilusão Difícil é saber, o que é verdade ou não. Insanidade sussurra em meu coração Enquanto a sanidade busca a razão Um complô se forma me querendo calar Mas sigo lutando para me encontrar. Sobre a autora: Geysi dos Santos - Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal (Crato)