Literatura

Futebol é coisa de mulher!
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Futebol é coisa de mulher!

Shirley Pinheiro “Tá na hora tem copa do mundo pra gente jogar E nossa seleção feminina vai representar Tá na hora de a gente se unir, de torcer e cantar numa única só voz Que é pra nossas meninas trazerem a tão esperada estrela pra nós” (Gabi Fernandes — Meninas de Ouro) Hoje, finalmente, a Seleção Brasileira estreou na Copa do Mundo Feminina da FIFA. E o resultado, contra o Panamá, como já era esperado, foi positivo para nossas jogadoras. Com um time totalmente focado, preparado, estruturado e, principalmente, decidido a trazer a primeira vitória do Mundial para o Brasil, a Seleção, esse ano, tem um desejo especial, dar o título de campeã do mundo à sua maior estrela, aquela que, orgulhosamente, chamamos de “Rainha”, a Marta. Aos 37 anos, nossa Rainha protagoniza ago...
O diário da rua
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O diário da rua

Alexandre Lucas* Água de cocô, suco de cajá, café, mistura da tarde. Pernas cruzadas. Praça. Leio um diário, comicamente dolorido, entre uma página e outra, bisbilhotando a vida alheia. Anônimos e conhecidos passam. Poderia ler no sossego de casa, prefiro a rua. Sinto-me acompanhada pelo menos de distrações. Consigo devorar mais páginas, parece contraditório, mas apenas serve para constatar que não existe uma forma única para encarar a realidade, ainda bem. Leio mais um pouco. A dona do diário reclama da convivência e do enclausuramento. Todos socados em uma mesma casa, sem poder sair, os nervos pincelados com ácido. Na rua visualizo outros diários. As pessoas não se percebem, saem escrevendo parte do seu dia. O homem sentado no banco da praça não consegue controlar suas mãos q...
Jovelina:  uma Pérola Negra do samba
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Jovelina: uma Pérola Negra do samba

Luciana Bessa Durante décadas, as mulheres não tiveram vez/voz no samba, já que o palco e os holofotes eram dominados pelos homens. Às mulheres cabiam o papel de musa ou de intérpretes. No entanto, com suas posturas questionadoras e versos atemporais, elas preencheram esse gênero musical, símbolo da cultura e da identidade do povo brasileiro. Jovelina Farias Belfort, integrante da Ala das Baianas do Império Serrano, parecia ter música correndo em suas veias. Era frequentadora assídua das Rodas do Botequim da Escola da Serrinha, do Pagode da Tamarineira, no Cacique de Ramos. Estamos diante de uma dessas mulheres sambistas, trabalhadoras, corajosas e ousadas, que usou sua voz para falar de amor, e dos problemas de seu país, especialmente, o racismo. Cantora e compositora, Joveli...
Meus amigos
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Meus amigos

Micael Sousa Não sou triste, tenho amigosQue são amigosTão amigos quanto abrigosQue me trazem boas novasE dissipam as ruinsÉ assimEu por elesEles por mim Não sou triste, tenho amigosAmigos que são cativantesAlmas esperançosasDiferentes e vibrantesJá não choro como ontemNem reclamo com antes
Foram apenas os cachos
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Foram apenas os cachos

Alexandre Lucas* Raspa tudo. A máquina derrubou os cachos, as lágrimas quase caíram. Nada mudou.  Os dilemas ainda permanecem os mesmos. Os cabelos crescem, espero que os problemas diminuam. Manhã de domingo, as crianças brincam entre as pedras e a água. Observo, enquanto mastigo algumas sementes de girassóis e aprecio a simetria das margaridas. Sinto-me com a cabeça mais leve. Falta-me cachos, sou a mesma, talvez disfarçada.  Os cachos são só aparência. As crianças continuam brincando:  algumas têm cachos, outras sorrisos. Tento reencontrar alguma coisa, talvez tenha perdido alguma criança que restava dentro de mim. Hora de partir. Aqui é gostoso, ando só. Vejo as árvores se espreguiçando, mas estão presas não podem me seguir. Outra hora volto, talvez já tenha c...
Penso, logo tenho liberdade
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Penso, logo tenho liberdade

Luciana Bessa O dicionário me ensina diferentes palavras para o turbilhão de sentimentos que teimam em existir dentro de mim.  O calendário me mostra como posso desfrutar melhor “um dos deuses mais lindos” e mais temperamentais, o tempo. Neste último acabo por descobrir datas comemorativas que, confesso, me passam despercebidas, como foi o Dia da Liberdade de Pensamento, 14 de julho, em que ocorreu a queda da Bastilha, marco da Revolução Francesa, em 1789. Aos que esqueceram e/ou ainda não tiveram essa aula de História: a Bastilha era uma prisão, símbolo do Antigo Regime francês. Quando o povo, oprimido até não suportar mais, tomou-a, ele proferiu seu grito de liberdade. Base da existência humana – “Penso, logo existo” – nos diria René Descartes em [seu] O Discurso do Méto...
Tem um redemoinho na barriga
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Tem um redemoinho na barriga

Alexandre Lucas* Perdida. Toquei fogo no mapa e a barriga tem um redemoinho. Não passa ninguém, apenas o silêncio transita. Isso foi ontem, não morri, mas continuo desencontrada. Juntei todos os comprimidos, inclusive os de tarja preta, coloquei o copo de lado, água bem geladinha. Fui brincar de jogo de botão com os remédios. Distrair-me. Não apareceu nenhuma bússola. Os comprimidos, joguei na privada e fiquei observando-os boiando até se dissolverem. Muito tempo olhando. A amiga mandou uma oração, preferia um chocolate. Mesmo assim fui ler a bendita reza: assustadora. Ensinava a ser submissa. Rasguei, esse não deve ser o caminho da salvação. Desconsertada, caminho. Talvez hoje, deixe o feijão queimar. Releia as antigas anotações, refaça a agenda do mês e no meio do caminho sai...
O fruto continua proibido
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O fruto continua proibido

Alexandre Lucas* Está proibido manifestar o desejo. Se tranque em infinitos segredos. Se tranque. Murcha me recolhi, na sala do desespero, sem nenhum gole de água. Tenho que negar tudo, ser aprendiz de mentirosa, já que não quero ser aprendiz de feiticeira.  Sou bicha, animalesca por natureza, humana pelas circunstâncias. Posta no mundo, cheia de gente e coisas, em movimento e, eu rodando, mesmo sentadinha na cadeira só observando. Tirar-me o desejo é negar minha existência. É assaltar sonhos, bombardear a verdade, é louvar a hipocrisia. Calamos e matamos todos os dias os nossos suspiros. Enterramos sem cerimônias os nossos tumultos. Amo, mesmo desconhecendo essa engenharia sempre inacabada e sem manual, faltosa de parafusos e comandadas por deuses e demônios. Ensinaram-me desde d...
Aqui nunca foi rosa
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Aqui nunca foi rosa

Alexandre Lucas* Ainda não decidi a roupa de hoje. Estou de férias e a rotina da folga não foi organizada. Acordei cedo como de costume, mas tomei café mais tarde. Fui cuidar das roseiras que estão todas cheias de botão.  Rosas amarelas, brancas, vermelhas serão paridas. Adoro a delicadeza das pétalas, a maciez da textura, a simetria. Dizem que elas guardam a simbologia da nossa intimidade. Rosas lembram vaginas. Tenho grandes dúvidas. Se tivesse uma rosa ao invés de uma vagina, ela seria intocável para não desfazer a sua fragilidade. Andaria lentamente para não decompor o seu arranjo. Elas têm vida curta. Rosas não suportariam tanta selvageria, tanto vai-e-vem, rodopio, esfregamento, o sugar ou a suavidade de uma massagem assoprada. Minha vagina é resistência. Sagrado e r...
Biblioteca Comunitária do Coletivo Camaradas abre cadastro online
Ações Formativas, Cariri, Cultura, Literatura, Notícias

Biblioteca Comunitária do Coletivo Camaradas abre cadastro online

Foto: Coletivo Camaradas O Coletivo Camaradas abriu cadastro para usuários da biblioteca comunitária que funciona na sua sede na comunidade do Gesso, no Crato. A ideia é aproximar os leitores dos livros e das ações desenvolvidas pelo Ponto de Cultura. A inscrição é gratuita e os livros podem ser alugados nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 15h30 às 17h30. A biblioteca conta com um acervo de mais de 7 mil livros sobre literatura, educação, cultura, política, filosofia, artes, gibis, cordel e literatura infanto-juvenil. Atualmente, o espaço é frequentado pelos moradores da comunidade do Gesso e militantes do Coletivo Camaradas. A intenção é contemplar os estudantes do curso de Artes e de Direito da URCA e das Escolas Violeta Arraes, Estado da Bahia, 19 de Maio, Dom Quintino, ...