Literatura

Minha experiência em sala de aula
Literatura

Minha experiência em sala de aula

Letícia Isabelle Alexandre Filgueira Sala de aula sempre foi um ambiente desafiador, um ambiente de socialização de muitas pessoas diferentes, onde o professor deve ali exercer vários papéis: amigo, pai, mãe, irmão, psicólogo, etc. Mas, e, quando se estar em seis salas de aula com trinta e cinco alunos diferentes cada uma delas? Essa pergunta, para quem nunca esteve em sala de aula, assusta muito, né? Com certeza! Porque todas as realidades são difíceis, principalmente na educação. Na universidade a gente idealiza a escola como sendo uma instituição que possivelmente estará aberta a mudanças e sempre estará disponível para ouvir o professor, mas, na maioria das vezes, não é assim. Em muitas escolas, o professor ou é controlado para prestar seu trabalho seguindo ordens e sendo fiscali...
Viva o cinema brasileiro
Literatura

Viva o cinema brasileiro

Luciana Bessa Para além dos festejos juninos, o mês de junho tem uma data que passa despercebida para alguns de nós: o dia do cinema brasileiro, 19 de junho, em alusão ao ítalo-brasileiro, Afonso Segretto, que filmou, no ano de 1898, a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. Minha relação com a literatura brasileira sempre foi de amor à primeira vista. Já com o cinema, não foi bem assim. Influenciado pelas comédias italianas, o gênero das pornochanchadas, fez muito sucesso na década de 1970, mas confesso que narrativas com palavras de baixo calão, exposição do corpo feminino, temáticas sobre virgindade e conquistas amorosas, não me conquistaram. Que fique claro que não se trata de moralismo. Longe ainda de defender a proibição da pornochanchadas por acreditar que esse tipo g...
Lançamento do Original Rap Kariri acontece neste sábado (24), no Gesso
Cultura, Literatura, Música

Lançamento do Original Rap Kariri acontece neste sábado (24), no Gesso

Neste sábado (24), no Terreiro do Coletivo Camaradas, na comunidade do Gesso, a partir das 18h, acontece o lançamento do Original Rap Kariri - ORK, o qual é um coletivo de MC's e empreendedores criativos. O evento acontecerá dentro do Workflow, o qual visa mostrar a potência e o protagonismo do Hip Hop do Cariri. O evento contará com apresentações musicais do grupo New Age Hip Hop, Claudio SDJ, Dextape Emece e performances poéticas de Preta Poeta e Lucas AMX. Além de intervenção de grafite com Dingo Lingo e da Batalha de MC's que terá a mediação do Ponto de Cultura Batalha do Cristo. O encontro contará também com a Feira dos Pontos de Cultura e o uso da moeda social Lourenço que serve como alternativa para geração de renda para comunidade. De acordo com os organizadores do Workflo...
Acho que era amarelo
Literatura

Acho que era amarelo

     Alexandre Lucas* Chuveiro ligado. Já tinha tomado banho.  Estava no meu mundo reprisando o passado e o presente. A água escorria, não tinha pressa de sair dali, estava lavando um pouco os pensamentos. Meu corpo tinha acabado de ser possuído com força e delicadeza, ainda tinha pequenos tremores dentro de mim, ainda tremia de prazer e de pecado. Respirar. Tocava meus lábios como se quisesse ajustar a sintonia dos canais, inútil. Naquela noite, dormiria sozinha, o que não era novidade e nem desprazer, apenas uma constatação de longa data. Luzes acessas. Chuveiro desligado. Pronta para dormir. Antes tentaria rabiscar a feição da noite e as cenas particulares, alguns suspiros e algumas pressões nas pernas cruzadas. O sono chegava, a tentativa não teve muito sucesso, mas tente...
Vejo Música e Literatura em você: Chico Buarque
Literatura

Vejo Música e Literatura em você: Chico Buarque

Luciana Bessa Chico Buarque é um desses artistas que usa a palavra, musical e literária, para dizer o que lhe vai n’alma. Como músico é conhecido por uma discografia extensa e diversa, que aborda desde questões sociais, passando por temáticas amorosas e envolvendo temas existenciais; como escritor, é legitimado pelo público e premiado pela crítica especializada. Nascido Francisco Buarque de Hollanda, em 19 de junho de 1944, o quarto filho do sociólogo e historiador, Sérgio Buarque, e da pianista e pintora, Maria Amélia, desde pequeno colecionava recortes de seus artistas favoritos. A família de artistas intelectuais foi essencial para que Chico seguisse pelo caminho musical e literário. Na música “Paratodos”, é possível conhecer um pouco mais da família de Chico: “O meu pai era...
Nada é de graça
Literatura

Nada é de graça

Alexandre Lucas*  Trânsito gasguito, veloz e impaciente. Segunda-feira. A velha com cara de maracujá bom para suco estava parada no entremeio da calçada e do asfalto. Trêmula de idade.  Segurava em cada uma de suas mãos três quilos de açúcar. Precisava atravessar, seguir caminho.  Já estava atrasada. Acordei cedo, mas tinha meu mundo para ajeitar. Nem percebi se o café estava quente ou frio, engoli com um pedaço de pão em dois piscado de olhos. Passos largos, corrida contra mim mesma, tinha que chegar em algum canto, talvez numa repartição de encurtamento da idade.  Tive que parar. Podia seguir, mas resolvi desacelerar. Olhei para aquela senhorinha cheias de valas do tempo no rosto. Carregada de açúcar encolhendo o seu tamanho. Atravessar era o nosso caminho. S...
O sangue veio
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O sangue veio

Alexandre Lucas*   Ainda sangro todos os meses. Está escrito que foi castigo. Não me contento com isso. Não me contento com muita coisa e nem com pouca. Todo mundo tem um pouco de contestação. Sangrar é desconfortável, todo mês, escorre entre minhas pernas e molha minha mente de insatisfação. Esse sangue demonstra que estou viva. E a vida é isso: uma espécie de Yin Yang social. Não é linha reta, simetria, harmonia, paz, talvez seja uma busca constante e interminável disso. A vida é furação, talvez sangre por isso.  Sou furacão. Mentira que digo todos os dias, tem gente que acredita, eu mesma tento crê. Eu sangro. Choro dentro do banheiro, quando consigo engulo o choro, como escondo o sangue, mas eu vejo e não me acostumo com isso. Acho que sou uma mentirosa convicta dos meus sentimen...
Bem vendido
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Bem vendido

Alexandre Lucas* O supermercado do amor está em alta. Na esquina a mulher oferece flores. No balcão da loja, a vitrine das joias douradas está mais brilhante. Os manequins ficam paralelos, expondo as roupas do momento. A farmácia vende suas sobrevivências para reduzir os impactos do amor, isso porque, o amor: acelera, agita, retarda, alucina, enlouquece, prolifera e destroça caminhos. O amor é comprado, como as flores da sala que nunca murcham, mas é um perigo dizer isso em tempo que ainda se acredita no amor. Já sei, para você o amor nunca foi comprado e isso não faz sentido nenhum. O amor é dúvida, quase sempre discórdia. Já imagino você imaginando:  dois corpos, uma cachoeira, o beijo molhado e o pensamento eternidade. O sonho acabou. O amor é tudo isso também, a gente ac...
Uma universidade nasce e cresce
Literatura

Uma universidade nasce e cresce

Luciana Bessa O nascimento de uma Universidade traz em seu bojo, para além do desenvolvimento de uma região, a oportunidade de formar sujeitos, que conscientes de seu papel social, contribuirão, cada um dentro da sua profissão, para a construção de uma sociedade mais equitativa. A Universidade Federal do Ceará (UFC), cujo lema é “O universal pelo regional”, não cabendo dentro si, já que seu papel é gerar e difundir conhecimentos, criou a Universidade Federal do Cariri (UFCA), que dentre seus valores estão: respeito e valorização pela diversidade, gestão participativa, ética e transparente, valorização da cultura regional, compromisso com a responsabilidade social e sustentabilidade, etc. Pelos idos dos anos 2000, foi implantado o curso de Medicina em Barbalha, cidade conhe...
O homem de blusão preto
Literatura

O homem de blusão preto

Alexandre Lucas* Estava ali pensando no ovo, triângulo, bola, basquete, vôlei e tantas outras coisas que apareceram justamente naquele momento. Olhar atento, na verdade, perdido no horizonte. Minha mão em silêncio, apalpava o seu corpo numa massagem lenta, como se tivesse cuidado com as feridas abertas que só a alma podia enxergar. Ele se mantinha em águas salgadas, corpo encolhido, cabeça em direção aos pés, enquanto, firme, acolhia o seu corpo e passeava minhas mãos. Sua cabeça próxima aos meus seios era apenas almofada para amortecer a sua dor. Passamos a manhã juntos. Poucas palavras, o silêncio já falava demais. A sala estava movimentada, hora e outra chegava alguém. Ele nem bebeu a água açucarada no copo de alumínio. Apenas, abraçava sem saber os motivos do seu desmanche. Abraç...