Literatura

Eu quero celebrar o novo mundo
Literatura

Eu quero celebrar o novo mundo

Kassya Luiza Ribeiro Romão* Eu quero celebrar o novo mundoE ser capazDe suportar uma cidadeQue me julgaCom olhares e intensas vozesQue me atormentamNessa paranóia Eu quero celebrar o novo mundoE ter pazMas na cidadeOs boatos se espalham Meu olhar fingeJá não se importar mais Estudante do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcante
Crato: Sistema Municipal de Cultura e a luta pelos 2%
Cultura, Literatura

Crato: Sistema Municipal de Cultura e a luta pelos 2%

Alexandre Lucas* O principal marco legal da legislação municipal sobre políticas públicas para cultura no Crato é o Sistema Municipal de Cultura (SMC), que norteia os princípios de participação popular, planejamento da política pública e aponta a necessidade de recursos financeiros para a sua execução. O Sistema está amparado numa política de estado, estruturante e compactuada com os entes federativos (Estado e União). O SMC foi criado em dezembro de 2014. Com menos de 10 anos, caminha a passos lentos, reflexo da conjuntura nacional, que sofreu um processo de desmonte e descontinuidade nos governos Temer e Bolsonaro, mas também pelo olhar distante que fez com que a cultura estivesse fora do orçamento, no sentido de promover a cidadania cultural, desenvolvimento territorial, requ...
Quando a emoção transcende a tela: uma história avassaladora sobre afetos, luto e penitência
Literatura

Quando a emoção transcende a tela: uma história avassaladora sobre afetos, luto e penitência

Clara Freitas No mundo, existem pessoas de todos os tipos, jeitos, formas, intensidades e gostos. Eu, particularmente, me vejo encaixadinha no grupo das que sentem tudo à flor da pele. Talvez, por isso, o meu gênero favorito do universo cinematográfico seja o drama, afinal, são asnarrativas profundas e os personagens reais que me apaixonam. Foi isso que encontrei, de forma certeira e muito sensível no filme “Close (Idem)”.     O longa-metragem, dirigido por Lukas Dhont, tem duração de uma hora e quarenta e quatro minutos e prende o seu telespectador do início ao fim. O filme belga que estreou no dia 02 de março de 2023 no Brasil, despedaçou o meu coração com o seu enredo tão doloroso que não precisou de uma palavra para me fazer chorar. As cenas, as expressões, os gestos e o ...
Todas as cores da cultura: flores será
Literatura

Todas as cores da cultura: flores será

Dark Ferreira Era uma vez uma cidade que havia esquecido o valor da cultura. As ruas da cidade estavam em silêncio, sem música, sem poesia, sem teatro. Os artistas, artesãos, escritores, e músicos não tinham nada para fazer e, além disso, tudo o que eles criavam não era valorizado. Mas havia um grupo de pessoas que acreditava que a cultura era o coração da cidade e que, sem ela, o lugar deixaria de ser uma cidade. Esse grupo se reunia em pequenos espaços, nos quais compartilhavam as suas inquietações e desejos. Eles sabiam que a cidade precisava de cultura e que eles próprios precisavam da arte para viver. Então, eles decidiram fazer alguma coisa. Eles começaram a escrever cartas abertas para os governantes, organizaram protestos pacíficos, criaram eve...
SEMÍRAMIS
Literatura

SEMÍRAMIS

Luciana Bessa Cada escritor(a) tem uma marca que faz o leitor reconhecer sua escrita. A da escritora cearense Ana Miranda é mesclar o discurso histórico ao discurso literário. Costumo dizer que Ana Miranda se vale da História para contar história. Tudo começou em 1989 com a obra Boca do Inferno, que lhe rendeu o prêmio Jabuti em 1990, uma narrativa ágil em que homens e mulheres se dilaceram entre o céu e o inferno, cujos protagonistas são o poeta brasileiro Gregório de Matos e o orador português Padre Antônio Vieira. Ler Ana Miranda é conhecer, em experiências de escritores(as), o contexto histórico, político, econômico e social no qual estavam inseridos. A ganhadora do Sereia de Ouro (2009) possibilita ao leitor revisitar o passado histórico de uma personalidade literária...
40 minutos
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40 minutos

Taynara Oliveira Um tempo longo pra quem esperaUm tempo longo pra quem  tem pressa.Espero impacientemente no mesmo lugarOlhando filas e filas de carros passarMeus pensamentos um turbilhãoTic-tac, tic-tac40 minutos que não quer passarTic-tac, tic-tacFaltam quantos segundos pra 40 minutos passar?Um pedestre aqui, outro aliQuer uma bala, hoje é só 1,00.A criança pergunta a mãe,Já está perto de chegar?Tic-tac, tic-tacFaltam quantos segundos pra 40 minutos passar?Dia frio, é dia mórbidoUns pingos finos de chuva fazem a estrada cheirarUma pessoa corre daqui, puxa outro de láCorre mulher, não quero me molhar!Tic-tac, tic-tacFaltam quantos segundos pra 40 minutos passar?Olho de um lado para outro40 minutos de espera me fazem delirarPensamentos ficam a mil(Cuidado pra não surtar)Pingos d...
O singular ritmo de Anne
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O singular ritmo de Anne

Dark Ferreira Anne era uma menina diferente das outras crianças da sua idade. Enquanto elas corriam, falavam rápido e agiam como se o tempo fosse curto demais, ela caminhava devagar, apreciando cada momento e observando todos os detalhes ao seu redor. Mas essa singularidade começou a preocupar sua mãe e sua professora, que viram que a lentidão de Anne podia prejudicá-la na escola e na vida. A professora pediu para a mãe prestar mais atenção no comportamento da menina e tentar entender o motivo daquela lentidão. Foi então que a mãe de Anne perguntou a ela por que ela era tão devagar, e a menina respondeu com uma maturidade que impressionou a todos: “para que tanta pressa, mamãe? Eu gosto de sentir as coisas. O papai às vezes sai tão apressado para o trabalho que esquece do ...
Tentei falar
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Tentei falar

Alexandre Lucas* Não deu para esquecer a indiferença. Naquele dia não teve festa, nem morte, mas tinha quase 45 anos envolvidos e a descrença alheia. Mentirosa, exagerada, chata e outras coisas que esqueço é vendaval de sinônimos que tatoo na alma. Rostos pálidos e silenciosos capazes de escavar minha cabeça. Faltou brilho, sobrou desvio de olhar. É como se tivesse nua gritando por socorro e ninguém pudesse escutar. Como se tivesse num país desconhecido em que a minha língua fosse estranha e ainda estivesse invisível. Precisava dizer para o mundo que fui violada, sem viola e sem verso florido. Homens e mulheres me tocaram com suas palavras de arames farpados. Sentir o roçado de cada palavra nos meus pensamentos: dói, sangra e revolta. Sentir também o peso da mão, da sandália e do ...
Felinos em festa
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Felinos em festa

Dark Ferreira Fazia pouco tempo que eu havia me mudado para a nova casa. Ela ficava em um trecho vizinho, na mesma cidade e bairro. Só mudava o sossego. Lá era calmo e sossegado, o que era perfeito para quem como eu, precisava desesperadamente de um pouco de paz. Mas, para minha surpresa, descobri que minha rua tinha gatos. Muitos gatos. Eu não sou do tipo que odeia felinos, muito pelo contrário, acho os bichinhos fofos e curiosos. Mas quando digo ter muitos gatos na rua, quero dizer muitos mesmos. Gatos em todos os cantos, em todas as ruas, em cima dos carros, embaixo dos carros, cruzando a rua. Tinha hora que eu me sentia em um documentário sobre felinos urbanos. Tudo ia bem até que chegou à noite. Eu estava cansada, pronta para pegar no sono, quando começou aquele barul...
Faz frio entre as fogueiras
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Faz frio entre as fogueiras

Alexandre Lucas* Seguro uma bandeja de choro. As nossas lágrimas foram ensinadas. Por perto tantas primaveras e o medo de se perder entre as flores. Continuo sendo a Frida:  sofrida, rebelde e cheia de desejos. Tem horas que abro varanda para se encantar com a brisa, mas logo saio temendo os redemoinhos. Caminho sonolenta, cabelos esvoaçantes, cheia de entrelinhas, olhos profundos como o mar, talvez sendo miragem no asfalto do meu coração. Estou sendo dura comigo, talvez para não ser explosão, decepção, ilusão, tenho que sair desta rima. Dar a reviravolta, cambalhotear nas nuvens, sentir a eletricidade e os choques de alegria. Acorda Frida, dorme Frida! Reage! Dizem os meus instintos mais humanos, mas minhas razões emotivas tripudiam. A contradição é o traçado do tempero h...