Literatura

A mulher desiludida, livro de contos de Simone de Beauvoir
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A mulher desiludida, livro de contos de Simone de Beauvoir

Marta Kécia Publicado originalmente em 1968, o livro A mulher desiludida, da filósofa francesa e escritora Simone de Beauvoir, reúne três contos que retratam os dramas e conflitos existenciais femininos em torno da maturidade, do amor e da identidade (Silva; Nóbrega, 2022). O fio condutor das três narrativas, conforme se pode observar a partir da leitura das mesmas, é a desilusão das protagonistas diante das promessas falidas da vida conjugal, da maternidade e da própria feminilidade, numa sociedade que as condiciona à dependência afetiva e à invisibilidade. Os contos são: “A idade da discrição”, “Monólogo” e “A mulher desiludida”. Este último, que intitula a obra, será o foco desta análise crítica a seguir. No primeiro conto, Beauvoir apresenta a vida de uma escritora idosa que e...
A peça Sertão Confederado  encanta o Cariri
Literatura

A peça Sertão Confederado  encanta o Cariri

Émerson Cardoso No dia 02 de maio de 2025, às 19h, o escritor Mailson Furtado realizou, na Biblioteca Pública Municipal do Crato, o lançamento do livro Sertão Confederado. Nacionalmente conhecido por sua trajetória literária no âmbito da poesia, o autor também é um dramaturgo notável, sobretudo se considerarmos a obra mencionada, que foi construído em colaboração com o Grupo Criar de Teatro, Cia Prisma de Artes e Herê Aquino. No dia seguinte ao lançamento do livro, às 20h, os dois grupos teatrais apresentaram, no Teatro Adalberto Vamozi, a peça Sertão Confederado. Como é evocado no título, a obra discorre sobre o movimento político ocorrido no Nordeste do Brasil, há 200 anos, denominado Confederação do Equador. Quando o público entra, é recebido por duas imagens: uma visual e...
A fragilidade do tempo
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A fragilidade do tempo

João Victor O tempo escorre entre os dedos, como areia em um relógio quebrado. Momentos se desfazem em memórias, sussurros de risos que ecoam no ar. Cada segundo é um fio delicado, tecendo histórias que não voltam mais. Caminhos cruzados em instantes, promessas feitas sob à luz do entardecer. E enquanto o sol se põe, lembro das sombras que deixamos para trás, da beleza efêmera das flores, que murcham antes que possamos apreciar. Na fragilidade do tempo, encontramos a urgência de amar e viver intensamente, porque cada batida do coração é um lembrete de que tudo é passageiro, mas o amor é eterno. Sobre o autor: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti (Crato)
O filho da costureira e do sapateiro
Literatura

O filho da costureira e do sapateiro

Alexandre Lucas O filho da costureira e do sapateiro escreve um diário aberto — não como As Veias Abertas da América Latina, de Galeano, mas próximo das pinturas de Frida, que, ao falar de si, falava do mundo. “Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade”, dizia Frida Kahlo, temperada pelo seu tempo e pelas doses dos seus suspiros.  As realidades são distintas. Dores maiores ou menores não existem: existem dores. O filho da costureira e do sapateiro codifica em palavras espremidas as rupturas da vida; canto e grito se misturam, óleo e água se enfrentam. As borboletas se transformam em esperança em alguns momentos, porque nem tudo é tristeza. Segundo a moça que encontramos todas as quartas-feiras, por meia hora, numa sala de meia-luz e com um sofá confortável,&nbs...
Apelamos
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Apelamos

Francisco Joherbete Querido prefeito Temos que te falar A nossa vida hoje Vem a partir do ensino escolar. Senhor André Barreto Nossa escola, o ensino integral aderiu E os alunos vêm sofrendo Com essa escolha que nos feriu. Minha escola não tem estrutura Saneamento nem se fala Vivemos no sofrimento E nossa vida já está farta. Escovamos nossos dentes Com uma torneira atrás de uma coluna A água sai mais quente Do que o calor em nossas turmas. Senhor Prefeito!!! Por favor venha nos escutar Já estamos desgastados De tanto lutar Por mais direitos Para que venhamos estudar. Senhor Prefeito!!! Passamos uma grande dificuldade Quando a tarde chega O calor é nossa realidade. O vento sai quente Parece pegar fogo Não...
Monsters Never Die
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Monsters Never Die

Shirley Pinheiro My mama told me when I was young We are all born superstars She rolled my hair and put my lipstick on In the glass of her boudoir There's nothin' wrong with lovin' who you are She said: 'Cause He made you perfect, babe So hold your head up, girl, and you'll go far Listen to me when I say I'm beautiful in my way 'Cause God makes no mistakes I'm on the right track, baby I was born this way (Born This Way, Lady Gaga) Eu não canso de me surpreender com o poder catastrófico que a arte tem sobre mim. São as primeiras horas de um domingo, e eu me encontro derramando lágrimas e lágrimas, em frente à tv, numa tentativa vã de processar o impacto que o show da Lady Gaga, no Rio de Janeiro, teve aqui, no escuro do meu quarto. A verdade é...
Antes que me matem
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Antes que me matem

Alexandre Lucas Antes que seja tarde, o amor precisa ser declarado. A qualquer momento posso morrer ou o desejo de viver pode se enclausurar entre quatro paredes. Já plantei várias árvores, escrevi alguns livros, casei, nada disso foi o suficiente, ainda quero ter tempo para plantar árvores, escrever livros e ensinar a subir nas cadeiras, casar é mais complicado. Peço, a não sei quem, que não me tire o direito de sonhar, afinal ainda tem um mundo para ser transformado e isso exige gente e esperança. Ainda sou jovem, meus registros dizem o contrário, as vozes das palavras de ordem da juventude me fazem chorar e crer nos girassóis, comecei quase menino empunhando bandeiras bordadas de sonhos e resistência. Nunca foi fácil empunhar bandeiras de sonhos e resistência num mundo em que a or...
A literatura não faz revolução?
Literatura

A literatura não faz revolução?

Shirley Pinheiro O modo de produção, diz o marxismo, condiciona a vida social e, através dela, a vida intelectual. O fator econômico constitui, em última instância, o fator determinante. Mas ele não é o único fator. Produto da sociedade, a literatura está submetida a influências intermediárias e complexas ao fim das quais a economia não aparece senão depois de uma série de múltiplas transmissões. A literatura, como a arte, é portanto uma superestrutura ideológica que se ergue sobre a base de determinadas condições econômicas, mas realiza um desenvolvimento próprio, e sofre, apesar de sua relativa autonomia, os efeitos das outras superestruturas ideológicas — filosofia, ciências, direito, moral, religião, etc.; por sua vez, ela reage sobre a sociedade da qual é a expressão, contribuindo ...
 Caminhando com Micheliny Verunschk
Literatura

 Caminhando com Micheliny Verunschk

Luciana Bessa Publicado em 2023 pela editora Companhia das Letras, Caminhando com os mortos, da escritora pernambucana Micheliny Verunschk, é uma obra forte, marcada por capítulos curtos, não lineares, linguagem fluída e dinâmica, cujas personagens, invisibilizadas e alienadas pelo sistema capitalista, tornam-se presas fáceis para os pregadores da palavra divina. Verunschk, que iniciou sua carreira literária na poesia, Geografia íntima do deserto (2003), tem até o presente momento doze obras publicadas: seis livros de poemas, um de contos e cinco romances, dos quais os últimos dois foram premiados: O som do rugido da onça, 2022, Prêmio Jabuti e Caminhando com os mortos, Prêmio Oceanos, no ano de 2024, um dos mais importantes em Língua Portuguesa. A narrativa analisada, segundo dep...
Entrelinhas
Literatura

Entrelinhas

Flávia Letícia Guardei meu silêncio como quem guarda um segredo, um desejo trancado atrás de um talvez. Mas bastou um sussurro no vento alheio pra que a verdade voasse de vez. E então veio você, palavras soltas, "Já faz um tempo...", sem nem hesitar. Mas no reflexo das suas entrelinhas, vi o que eu não queria enxergar. Duas. Não uma. Dois corações na sua indecisão. Eu, que guardei tanto tempo esse nome, agora sou parte de uma confusão. Se eu soubesse que era só mais um verso na sua canção de incerteza e dor, teria deixado o silêncio falar e sufocado de vez esse amor. Sobre a autora: Letícia -Poetisa de amores silenciosos e mistérios não ditos, minhas palavras guardam o que não pode ser revelado. Fláv...