Literatura

Antes que me matem
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Antes que me matem

Alexandre Lucas Antes que seja tarde, o amor precisa ser declarado. A qualquer momento posso morrer ou o desejo de viver pode se enclausurar entre quatro paredes. Já plantei várias árvores, escrevi alguns livros, casei, nada disso foi o suficiente, ainda quero ter tempo para plantar árvores, escrever livros e ensinar a subir nas cadeiras, casar é mais complicado. Peço, a não sei quem, que não me tire o direito de sonhar, afinal ainda tem um mundo para ser transformado e isso exige gente e esperança. Ainda sou jovem, meus registros dizem o contrário, as vozes das palavras de ordem da juventude me fazem chorar e crer nos girassóis, comecei quase menino empunhando bandeiras bordadas de sonhos e resistência. Nunca foi fácil empunhar bandeiras de sonhos e resistência num mundo em que a or...
A literatura não faz revolução?
Literatura

A literatura não faz revolução?

Shirley Pinheiro O modo de produção, diz o marxismo, condiciona a vida social e, através dela, a vida intelectual. O fator econômico constitui, em última instância, o fator determinante. Mas ele não é o único fator. Produto da sociedade, a literatura está submetida a influências intermediárias e complexas ao fim das quais a economia não aparece senão depois de uma série de múltiplas transmissões. A literatura, como a arte, é portanto uma superestrutura ideológica que se ergue sobre a base de determinadas condições econômicas, mas realiza um desenvolvimento próprio, e sofre, apesar de sua relativa autonomia, os efeitos das outras superestruturas ideológicas — filosofia, ciências, direito, moral, religião, etc.; por sua vez, ela reage sobre a sociedade da qual é a expressão, contribuindo ...
 Caminhando com Micheliny Verunschk
Literatura

 Caminhando com Micheliny Verunschk

Luciana Bessa Publicado em 2023 pela editora Companhia das Letras, Caminhando com os mortos, da escritora pernambucana Micheliny Verunschk, é uma obra forte, marcada por capítulos curtos, não lineares, linguagem fluída e dinâmica, cujas personagens, invisibilizadas e alienadas pelo sistema capitalista, tornam-se presas fáceis para os pregadores da palavra divina. Verunschk, que iniciou sua carreira literária na poesia, Geografia íntima do deserto (2003), tem até o presente momento doze obras publicadas: seis livros de poemas, um de contos e cinco romances, dos quais os últimos dois foram premiados: O som do rugido da onça, 2022, Prêmio Jabuti e Caminhando com os mortos, Prêmio Oceanos, no ano de 2024, um dos mais importantes em Língua Portuguesa. A narrativa analisada, segundo dep...
Entrelinhas
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Entrelinhas

Flávia Letícia Guardei meu silêncio como quem guarda um segredo, um desejo trancado atrás de um talvez. Mas bastou um sussurro no vento alheio pra que a verdade voasse de vez. E então veio você, palavras soltas, "Já faz um tempo...", sem nem hesitar. Mas no reflexo das suas entrelinhas, vi o que eu não queria enxergar. Duas. Não uma. Dois corações na sua indecisão. Eu, que guardei tanto tempo esse nome, agora sou parte de uma confusão. Se eu soubesse que era só mais um verso na sua canção de incerteza e dor, teria deixado o silêncio falar e sufocado de vez esse amor. Sobre a autora: Letícia -Poetisa de amores silenciosos e mistérios não ditos, minhas palavras guardam o que não pode ser revelado. Fláv...
Solidão
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Solidão

Bianca Morais Para começar primeiro Preciso me apresentar Sou Bianca Uma garota que ama brincar Mas algumas coisas me fizeram mudar Sou muito chata isso não posso negar Fiz uma brincadeira que todos estão a falar A pessoa que amo comigo não fala E nem meus amigos olhando na minha cara Meu nome e Bianca E alguém pode me ajudar? Sobre a autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício (Crat
Não sofro mais
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Não sofro mais

Emilly Karine Escuridão Movimentação Medo Insatisfação Dor e desespero Tudo passa ligeiro Mas marcas são deixadas Uma perna arrancada Como flecha lançada Uma arma é disparada É aí que tudo acaba Até que enfim não sofro mais. Sobre a autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício (Crato)
A mulher desiludida, de Simone de Beauvoir
Literatura

A mulher desiludida, de Simone de Beauvoir

Luciana Bessa Simone de Beauvoir (1908-1986), intelectual, ativista e escritora francesa nasceu e viveu em uma época/espaço que não vivi, que não conheci (presencialmente), mas que experimento hoje por meio de suas narrativas, sejam elas teóricas - O segundo sexo (1949) -, sejam elas ficcionais – A mulher desiludida (1967). É verdade que não entendo francês. Mas, se pudesse renomearia esta última para “As mulheres destruídas”, já que se trata de três protagonistas em três narrativas diferentes, mas que dialogam entre si: “A idade da discrição”, “O monólogo” e “A mulher desiludida”. Por que não desiludida? Embora o vocábulo signifique “decepcionada”, “desenganada”, “desapontada” tais mulheres, mais do que sofrer uma decepção, um desapontamento, tiveram suas vidas destruídas (amoros...
A mentira mata
Literatura

A mentira mata

Alexandre Lucas Recorrentemente, sonhava que tinha assassinado um homem e o enterrado. O sonho era tão frequente que chegou a pensar em ser um assassino. Ficava remoendo o passado, tentando localizar a veracidade, mas nunca encontrava. Isso era perturbador, rendia alguns dias no banheiro. Logo, vieram duas inquietações tão presentes na vida contemporânea que têm matado e enlouquecido muita gente. Uma é a frase atribuída ao estrategista nazista Joseph Goebbels: “Uma mentira contada mil vezes torna-se uma verdade”. Isso é bastante atual; basta ver a narrativa da extrema-direita: seu discurso é mentirosamente verdadeiro e tem ganhado espaços de poder e legitimidade. Outro aspecto inseparável da mentira é o tempo gasto para tentar desfazê-la. Enquanto a mentira ganha velocidade, as ...
O céu
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O céu

Emilly Karine da Silva Imagine um lugar Que podemos descansar Que parece estar perto Mas é longe e discreto É azul, é brilhante Traz uma imaginação gigante Lá tem ouro e diamante Lá podemos descansar, ter paz Recomeçar um novo dia Com amor e alegria Esse lugar é que quero conquistar. Sobre a autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti(Crato)
O vento
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O vento

Jennyfer Amanda O vento me levou Me levou para um lugar que não consigo descrever em palavras Consigo descrevê-lo em seu olhar Um olhar fascinante Mas que ao mesmo tempo não sei explicar Sinto que aqueles olhos queriam me dizer algo Algo não deu tempo de exclamar O vento me levou outra vez Mas não foi para o mesmo lugar Dessa vez para um lugar com rosas e margaridas Que não estava no seu olhar A força do vento é radiante Que chegou a me levar Em diferentes lugares E um deles estava no seu olhar. obre a autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra  do Colégio Municipal Pedro Felício C