Destino Promessa

Alexandre Lucas

Quebrou as garrafas de vinho para não se embriagar. Desfez o tratado da esperança e cuspiu no chão para esperar a próxima promessa. Fez buracos no chão procurando botijas, mas só encontrou o cansaço.

Restavam a pizza e a despedida. A pimenta e o abraço tinham o gosto insosso da desilusão. O tarot faltava cartas, e o jogo não se completava. A cama tinha as lembranças das confidências que duraram meia-noite. Um filme de terror passava, e o gato miava querendo atenção.

Os remédios guardados no bolso da mochila para tempos de guerra e desespero ficaram envelhecidos. Recebeu a última carta de elogios para amansar a despedida.

Desfez a mala. Tirou a roupa, dançou pelado no meio da sala, tomou água. Derramou umas lágrimas na cara.

— O ônibus está passando! — gritou o tempo.

Pegou os cacos das garrafas de vinho: escreveu poemas no seu corpo e pegou o primeiro ônibus com destino a Promessa, onde não sabia o endereço.

Sobre o autor:

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho.