Alexandre Lucas*
Xela é uma das dessas incompreensões que estão na nossa trivialidade. É desacerto. É rosário de contas doloridas. É chá, café e fogo. É contradição. É mastigado de interrogações. É um monte de gente. É dança, pacto de esperança. É à beira da morte.
É uma linguagem curta, crua e forte. Pouco açúcar. É panfleto, manifesto, desaforo. É purpurina. É retalhos de Frida e Maiakovski.
Redemoinho, fragmento e lamento. Xela é o bolo que acabou, a casa vazia, o terremoto na barriga. O silêncio gritante, a roseira vermelha e o Diário de Anne.
É uma tempestade de palavras vomitadas. A escrita fisgada da varanda e do intestino. É ventre parido da realidade. Hora e outra é possível tropeçar na poesia e se deparar com muro pichado.
A quem diga que Xela não existe, mas seus rastros estão mais vivos que a sua imaginação.
*Escrevedor