
Macramê se espalhando pelas mãos. A linha costurava paciência, pontuava feridas, juntava no chão a delicadeza. O macarrão com pimenta calabresa, molho de tomate e alho refogava as linhas do jantar, que se nutria de olhares esboçados, de um armarinho de sorrisos. Alguns toques suaves de beijos se faziam vento.
O vestido de listas azuis, bordado de flores, a deixava um jardim. Não era primavera, mas as flores brotaram num piscar de olhos. A jiboia, ganha de presente, estava se recuperando para se espalhar em linhas pela casa, deixando rastros verdes e brancos.
Enquanto comia morangos, colhia suas sementes para dois vasos, para engravidar moranguinhos. O vestido de listas azuis, bordado de flores, saiu antes do sol nascer, deixou o macramê para refazer – aquele que segurava um lambari roxo.
As espadas de Santa Barbará estão erguidas na varanda; deverão ser espalhadas pela casa para melhorar o ar.
O vestido de listas azuis, bordado de flores, anda plantando poesia em bandeiras de fogo, em linhas tortas e nos sopros mais suaves. Isto é um ensaio para dias floridos.
Sobre o autor:

Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho.