Alexandre Lucas*
Por favor, que os amores tranquilos mantenham distância. Quero é o fogo! O corpo em brasa, as borboletas em chamas e a poesia ardendo de felicidade. Basta de amores tranquilos! Que o amor solte faíscas pelo celular, fale sacanagem no ouvido em plena reunião e que aproveite cada canto para fazer fogueira e suar desejos.
Os amores tranquilos são enfadonhos. Gosto mesmo é de me pegar com a caneta na boca lembrando dos olhos afogueados e dos despudores das noites de furacão.
Os amores tranquilos não têm cartas de amor. Que venha a palavra atiçando as pernas cruzadas e enchendo a boca de tesão. Que a linguagem seja um corpo-texto, quente e faminto.
Os amores tranquilos são pálidos. Bom são as marcas, as mordidas, a passagem da língua, o cabelo desgovernado o corpo vermelho e a explosão. A risada da cor do reisado!
Cansei de amores de tranquilos. O amor deve queimar na chuva, trepar nas nuvens e rasgar o silêncio.
Paciência, os amores tranquilos não saem de cena. Enquanto isso, ensaio revoluções.
Sobre o autor:
Alexandre Lucas
*Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.