Alexandre Lucas
Tento escrever. As palavras pulam e me desequilibro. Ainda não são sete horas da manhã. O café está pronto desde às cinco e as palavras sacodem como açoites. Fecho todas as janelas e portas, mas mesmo assim, as palavras me invadem. Fico parado, tentando escutar absurdos. Os absurdos não param.
Já não escuto a voz da criança. A mãe impera, possivelmente solitária, cansada, transtornada e cheia de feridas das vielas estreitas em que a alma passa se rasgando. Só escuto a mãe.
A mãe prossegue. Ouço alguns soluços. A metralhadora dispara: Você vai apanhar, sua lesada, deixa de ser sebosa.
Saio sem tomar café. Entalado, vomito esse texto.