Dark Ferreira
Fazia pouco tempo que eu havia me mudado para a nova casa. Ela ficava em um trecho vizinho, na mesma cidade e bairro. Só mudava o sossego. Lá era calmo e sossegado, o que era perfeito para quem como eu, precisava desesperadamente de um pouco de paz.
Mas, para minha surpresa, descobri que minha rua tinha gatos. Muitos gatos. Eu não sou do tipo que odeia felinos, muito pelo contrário, acho os bichinhos fofos e curiosos. Mas quando digo ter muitos gatos na rua, quero dizer muitos mesmos. Gatos em todos os cantos, em todas as ruas, em cima dos carros, embaixo dos carros, cruzando a rua. Tinha hora que eu me sentia em um documentário sobre felinos urbanos.
Tudo ia bem até que chegou à noite. Eu estava cansada, pronta para pegar no sono, quando começou aquele barulho no telhado. Eram passos pesados, como se alguém tivesse invadido minha casa. Eu quase pulei da cama, pronta para chamar a polícia. Mas, depois de alguns minutos, percebi que não era nada de preocupante: eram só os gatos.
Na verdade, descobri que a rua inteira parecia ser uma farra felina durante a noite. Eles subiam nos telhados, corriam pelos quintais e lutavam pelo território. Eu tentava dormir com tampões de ouvido, mas nada parecia funcionar. Era o tipo de barulho difícil de ignorar depois de algumas horas.
Comecei a suspeitar que os gatos estavam tramando alguma coisa. Talvez fosse uma conspiração para me deixar maluca. Eu já tinha visto aqueles bichanos trocando olhares suspeitos enquanto se reuniam em bando no fim da rua.
Mas eu não ia me entregar tão fácil. Eu estava determinada a derrotar aqueles gatos e retomar minha noite de sono. Comprei alguns brinquedinhos para gato e rações. Sem esquecer de cumprimentá-los, me tornei uma defensora felina. Eu conversava com eles, e eles pareciam gostar da minha energia.
E acredite ou não, as coisas melhoraram. Os gatos pararam de fazer tanto barulho, e eu até comecei a gostar mais deles. Afinal, quem precisa de inimigos quando se tem gatos como amigos? Mas é claro que vez ou outra eu ainda preciso dormir com tampões de ouvido. Afinal, o hábito de fazer festa no telhado à noite parece ser difícil de largar.