Alexandre Lucas*
Raspa tudo. A máquina derrubou os cachos, as lágrimas quase caíram. Nada mudou. Os dilemas ainda permanecem os mesmos. Os cabelos crescem, espero que os problemas diminuam. Manhã de domingo, as crianças brincam entre as pedras e a água. Observo, enquanto mastigo algumas sementes de girassóis e aprecio a simetria das margaridas.
Sinto-me com a cabeça mais leve. Falta-me cachos, sou a mesma, talvez disfarçada. Os cachos são só aparência.
As crianças continuam brincando: algumas têm cachos, outras sorrisos. Tento reencontrar alguma coisa, talvez tenha perdido alguma criança que restava dentro de mim.
Hora de partir. Aqui é gostoso, ando só. Vejo as árvores se espreguiçando, mas estão presas não podem me seguir. Outra hora volto, talvez já tenha cachos e tenha encontrado as crianças.
Escrevedor*