Leila Cardoso de Lima*
Aqui estou eu…
Sentada de frente para o lugar onde tudo termina… ou começa…
É um lugar onde as flores têm as cores mais vibrantes que possam existir, o detalhe de cada pétala as torna única… Porém, elas não possuem a maior essência de uma flor, o cheiro…
O canto mais suave que se pode ouvir é o dos pássaros, que voam livremente por saberem que ninguém que está aqui irá lhe fazer mal…
Tem centenas de pessoas reunidas no mesmo lugar… Só que eu não as vejo interagindo umas com as outras, elas não sorriem, não conversam…
Tem centenas de pessoas aqui e os bancos continuam todos vazios…
Já sabe de qual lugar estou falando?
– Isso! Você acertou se pensou em um cemitério…
Parece fria a forma de descrever um lugar como esse já que vários sonhos terminaram aqui, várias famílias, várias histórias, várias conquistas… Várias e várias vidas…
Mas será que frieza é a forma como eu descrevo esse lugar ou a forma como pelo menos uma vez essas pessoas foram tratadas por seus pais, amigos, professores, vizinhos, chefes, estranhos ou até mesmo por você…
Será que foi a minha forma de descrever esse lugar que esfriou ou será que foram as frases:
– Eu não me importo…
– Isso é drama…
– Faça o que você quiser…
– O problema é seu…
A vida de muitas pessoas terminou a partir do momento que elas entraram aqui e não conseguiram mais sair…
O cômico é que eu estou aqui agora…
Não porque também é o meu fim, mas porque eu vejo aqui o meu início… É contraditório a minha história começar onde a de muitos terminam…
Mas aqui eu tenho a certeza de que não são essas flores que eu quero, não é esse canto que eu quero ouvir, não são essas pessoas que eu quero ao meu lado…
Lembra quando eu disse que a vida dessas pessoas terminou quando elas entraram aqui e não conseguiram mais sair?
Pois bem… A minha começa quando eu levanto e saio daqui…
Sobre a autora:
Leila Cardoso de Lima
*Fascinada pela arte da docência, estudante do curso de Licenciatura em Geografia. Gosto de ler bons livros, assistir séries, filmes, ouvir músicas. Aprendi que a junção da escrita, da geografia e da docência são ferramentas capazes de construir o mundo e a história que quisermos, onde nós seremos os personagens principais.