Luciana Bessa*
Juazeiro tem artistas, Juazeiro tem poesia: manifesto poético é uma Coletânea de poemas organizado pelo professor e escritor Émerson Cardoso, lançado no dia 12 de julho no Centro Cultural do Cariri (CCBNB).
Quem perdeu, amanhã, dia 20/07, terá a chance participar de segundo lançamento/sarau da Coletânea, no Centro Cultural Daniel Walker, em Juazeiro do Norte.
Ao todo são quarenta e sete vozes “plurais e líricas” de autores já conhecidos na região, outros que se arriscaram no universo poético pela primeira vez dando à Coletânea um ar eclético, democrático e diverso, começando pelas temáticas: amor, perdas, solidão, desejos, obsessão, tempo, leveza, ser mulher, o próprio fazer poético. Em alguns textos, o som do sagrado; em outros, o puro erotismo.
A Coletânea, que pode ser baixada gratuitamente através do site, começa com um “Manifesto Poético”, em que o mentor intelectual dessa empreitada poética, Émerson Cardoso, exalta Juazeiro do Norte como um “espaço de dimensões inimagináveis, quando o assunto é “Arte, Cultura, História, Memória” e “construtores de identidades”. Juazeiro é terra de quem constrói suas rebeliões por meio da arte poética. Essa Coletânea é uma das formas que encontramos para dizer a essa sociedade patriarcalista, racista e misógina, que não aceitamos ser subjugados por nenhum tipo de regime ditatorial. Somos defensores da Democracia, de Escolas e Universidades públicas, gratuitas e de qualidades. Acreditamos no poder da leitura e da escrita como ferramentas de transformação dos jovens.
Após o “Manifesto Poético”, chegamos a um “Portal” simbólico composto de cinco estrofes de quatro versos cada uma, que permite ao leitor, “Com as bênçãos do Cordel”, adentrar ao universo mágico do poético. Daí em diante, subimos ladeira acima com um arsenal de poemas e poetas (em ordem alfabética) que expõem seus desejos, suas faltas, suas angústias, especialmente, suas inquietações.
Os poetas são sujeitos solitários e inquietos que não cabem dentro de si. Para conseguir viver em coletividade, ele/ela precisa se exprimir. Mas, claro, o faz sob o disfarce do eu lírico, voz poética.
O filósofo francês Jean-Paul Sartre afirmava que escrever é uma maneira de o homem se revelar para si e para o outro. É verdade que cada um tem sua motivação para se desnudar em uma folha em branco. Apesar de cada um ter seus motivos, a criação artística se dá certamente “pela necessidade de nos sentirmos essenciais em relação ao mundo”. O português Fernando Pessoa, por exemplo, se multiplicou através de seus heterônimos. O brasileiro Carlos Drummond de Andrade precisou frequentar os jornais e as livrarias alegando que seu coração era pequeno, motivo pelo qual não cabiam suas dores.
Voltando à Coletânea orquestrada pelo autor de O baile das assimetrias (2021), participar dela foi uma experiência desafiadora para mim, já que sou estudiosa da poesia, mas que me valho da prosa para expressar minhas convicções.
O poema escolhido para compor a Coletânea intitula-se “Os poetas não sabem o que dizem”, em que inicio dizendo que durante anos acreditei nos poetas, especialmente no que diz respeito ao sentimento amoroso: “Que o amor resistia a tudo. / Que o amor combinava com tudo. / Que o amor era tudo…” Mas o deus Tempo mostra-nos que “não é bem assim”. No fim do texto, acabo concordando com os poetas, o que mostra que preciso aprender mais com eles.
Juazeiro tem artistas, Juazeiro tem poesia: manifesto poético é, na verdade, um caldeirão de vozes poéticas que unidas dizem que estamos de “Mãos Dadas” em favor de uma sociedade equitativa, múltipla e diversa. Nós “temos a força no versejo”, por isso, disseminamos Arte!
Sobre a autora:
Luciana Bessa
*Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler