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Mais Ciência e menos achismo nos movimentos sociais

Posted ByNordestinados a Ler21 de abril de 2025
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Alexandre Lucas

Em um mundo marcado por crises socioambientais, desigualdades estruturais e discursos negacionistas, a relação entre ciência e movimentos sociais nunca foi tão urgente. A ciência, longe de ser um instrumento neutro ou distante da realidade, deve servir como ferramenta pedagógica e política para qualificar as lutas sociais, garantindo que as demandas populares estejam ancoradas em análises concretas e não em ilusões idealistas ou no senso comum. 

A ciência como bússola da realidade. Movimentos que ignoram a ciência correm o risco de se perder em análises superficiais, desconectadas das condições materiais da sociedade. A função da ciência é justamente radiografar a realidade, desvendando as estruturas de opressão, os mecanismos de exploração econômica e os impactos ambientais do modelo vigente. Quando os movimentos sociais incorporam o método científico em suas lutas, eles se blindam contra o achismo, o negacionismo e as distorções ideológicas que desviam o foco das verdadeiras causas dos problemas. 

Um exemplo claro é a crise climática: sem o respaldo da ciência, as pautas ambientais podem ser reduzidas a discursos vazios ou a soluções individuais que não confrontam o sistema produtivo predatório. Já quando os movimentos ecoam os alertas da climatologia, da ecologia política e da economia ecológica, suas reivindicações ganham força transformadora, pressionando por mudanças estruturais. 

O antagonismo entre política e ciência aponta o perigo do Idealismo. Há, porém, uma tensão histórica entre política e ciência quando esta última é negligenciada em nome de dogmas ou narrativas convenientes. Políticas públicas baseadas em “achismos” — como o terraplanismo, o negacionismo pandêmico ou a desregulamentação ambiental sem critérios — geram catástrofes sociais. Da mesma forma, movimentos que abandonam a análise concreta da realidade podem cair no voluntarismo (a ideia de que a mudança depende apenas de “vontade política”, sem considerar limites materiais) ou no plenarismo (a ilusão de que todas as demandas podem ser atendidas ao mesmo tempo, sem mediações). 

 A ciência tem que se tornar popular. Existe um risco nos movimentos sociais de eleger o popular ponto de chegada e não como ponto de partida. Popularizar o popular é oferecer uma dose “gourmetizada” de senso comum.    

A classe trabalhadora, em especial, não pode abrir mão da ciência. Revoluções históricas, como a russa, cubana e a chinesa priorizaram a educação científica e o planejamento técnico para industrializar suas economias e universalizar direitos. O desenvolvimento soberano exige domínio tecnológico e diagnóstico preciso das contradições sociais — algo impossível sem ciência.  No caso específico de Cuba, vale salientar o bloqueio econômico e desumanitário imposto pelos Estados Unidos que penaliza o povo cubano nas suas relações geopolíticas e econômicas, mesmo assim a ciência é farol para os cubanos, notadamente na saúde e na educação.  

 É necessária uma práxis científica nos movimentos sociais.  Para evitar o “suicídio político” os movimentos devem adotar uma práxis que una teoria e prática, orientada pelo método científico. Isso significa:  a necessidade de formação política baseada em evidências,  capacitar militantes em economia política, sociologia crítica e ciências ambientais para embasar suas pautas; costurar alianças com universidades e pesquisadores, Fortalecer pontes entre a academia engajada e as lutas populares, evitando elitismo e apropriando-se criticamente do conhecimento; combate ao negacionismo, denunciar as fake news e os interesses por trás da desinformação, que enfraquecem a organização coletiva. 

Sem Ciência, não há projeto popular para a incidência política.   Se a realidade é o terreno da luta, a ciência é o mapa que permite navegá-la sem naufrágios. Movimentos que desprezam esse instrumento ficam à deriva, vulneráveis a erros táticos e a manipulações. Em tempos de crise civilizatória, a emancipação social depende da capacidade dos oprimidos de se apropriarem não apenas das ruas, mas também do conhecimento. Como dizia Gramsci, “o pessimismo da razão e o otimismo da vontade”: é preciso conhecer o mundo cruel como ele é para transformá-lo com esperança. 

Sobre o autor:

*Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho

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