Alexandre Lucas*
Acordei cedo, mas nem fiz a ginástica matinal, como é de costume. O corpo estava meio parado, a mente estava acelerada, mas o martelo estava batido.
Dormi sem calcinha e despertei árida de desejos, sem vontade alguma. Tenho muitos livros para ler e ainda sobra outros para escrever: uma coisa não impede a outra. O dia foi agitado, as costas parecem amassadas, sentei apenas uma vez para almoçar e foi rápido, nem tive tempo de mastigar.
Sentada. Resolvi tomar café para observar a rua, depois de desistir de outras vontades. Não tive fôlego. Enfim, sou a única chateada comigo, pelo menos hoje.
A vendedora da padaria esboça cansaço. Verifica as unhas e vasculha com os olhos o chão. Aguarda terminar o expediente. O café esfriou. Já é tarde, amanhã acordo cedo, durmo nua e escrevo versos todos os dias diferentes.
*Escrevedor