Por Alexandre Lucas
Manhã nublada, dia com cara de choro. Hoje, li Drummond. Estava melhor que do que a manhã: piadista, com palavras quentes, duvidoso como sempre. O poeta que também se faz nublado, mesmo diante do sol.
Não quero falar da manhã, do poeta e nem da cara de choro do tempo. É porque escrevo assim mesmo, atravessado de fragmentos e de histórias misturadas. Misturo amendoim com amor, às vezes dar tudo certo, outras dar dor de barriga.
Por falar em histórias, elas sempre nascem de outras histórias. O presente é sempre uma transa com o passado, mas o gozo nunca é uma garantia. Estava pensando nas ilhas, dizem que elas são isoladas, acredito que seja mentira, sempre as vejo juntas das águas. As sereias, que são mentiras, são tão verdadeiras como as ilhas; a gente vai dando significado as coisas, criando, inventando e se iludindo. Quem nunca se iludiu que atire a primeira falsidade.
O sol já está aparecendo, mas acabo de receber uma intimação, devo depor. Confessarei que os dias não são iguais e que as pessoas não nasceram escritas.
*Escrevedor