
Gracynha Silva
Buscando desafiar o caos existencial, elevar o tempo e desmarcar rótulos, segui pela calçada a caminhar, meio atordoado pela nova era: o mundo já não era mais o mesmo, mas insistia que nada mudara, pelo menos para mim. Queria acreditar na própria fantasia que criara, e sucumbir ao caos eminente que soava aos meus ouvidos. Não precisava mostrar a verdadeira face ou precisava?! Era chegada a hora de existir ou já existira?
Ana, Ana … você está me ouvindo? Ela caminhava ao meu lado inerte, nem ela mesma acreditava nas mudanças que o mundo exigira de nós, meros mortais. CALE-SE! Não ver que sigo a pensar como será?! – Já reparou que tu pensas demais? Sim, meu caro, confesso que não encontro respostas plausíveis para essas indagações que insistem em caminhar comigo nessa jornada efêmera.
Ana, você não vê que buscar respostas é como andar em círculos, esqueça! Pagamos um preço por ousar, mas nos redimir ao caos da existência humana soa com um não existir. A era do moderno nos aprisiona, antes mesmo de chegar por completo. Estamos a deduzir algo que talvez não chegue a existir, e se porventura, vier a existir, estaremos à espera. O mundo é um moinho e, nós somos seres humanos ávidos por algo a mais, que nos acalente, nos emocione, nos liberte das nossas próprias prisões. Ouça! Já não sou o mesmo de ontem, mas acreditamos ser por medo ou covardia. Existir é sobre desagradar de uma forma sutil e branda para que o outro enfim, possa evoluir. Ah, minha querida, está tudo tão confuso, o mundo, as pessoas e nós aqui, tentando não sucumbir a essa vida sórdida e cálida que muitos pregam como boa, eles acreditam na própria mentira e seguem a caminhar…
Ah, meu amigo, como estamos inspirados hoje, não é mesmo?! Rsrsrs… nossos encontros sempre rendem. Entre, abra o vinho e brindemos à vida, essa flor que desabrocha ao amanhecer e nasce cada vez mais linda. Ela me surpreende e me intriga aos mesmo tempo, acho que decifrá-la seria como perder a fragrância que me prende diariamente ao seu existir, então brindemos, meu querido!
O vinho, as pessoas e toda essa modernidade não pode nos aprisionar, sejamos livres! Ana, estás a esquecer que a sociedade é cruel, taxativa e prega um senso e uma moral que não cumpre, mas soa alto. Não seja tão careta, meu querido, temos as mídias, e elas também soam alto ou melhor mostram a realidade de um povo, de uma era, de uma gente. Ana, você deve estar brincando não é mesmo! As mídias são ferramentas facilitadoras do homem. O que queres dizer, Ana. O que estás a pensar mesmo?
Meu caro, as mídias são de fato ferramentas, mas lembre-se de que são os homens que a fazem funcionar, portanto, o caos existencial só findará quando o homem reconhecer que é ele o responsável pelas mudanças de uma sociedade conduzida pela sua própria existência humana. Continuemos nossa caminhada, mas antes tomemos um vinho para desvendar o caos existencial que o próprio homem criara com sua vida, e brindemos aos ávidos por desfazer os nós causados pelo existir humano.
Sobre a autora:

Formada em Letras pela Universidade Regional do Cariri (URCA), uma apreciadora das palavras, músicas, livros e pessoas. Além disso, é pós-graduada em Literatura e uma aspirante a cronista em desenvolvimento…