Luciana Bessa*
Não sou muito de ficar em frente à televisão, mas esse mês de agosto foi diferente. Os Jogos Olímpicos me capturaram. À princípio, pelo país sede – França. É meu sonho tomar café em Paris depois ter passado o dia vendo a História nas paredes do Louvre.
Acompanhei, dentro do possível, as Olimpíadas que terminaram sábado, dia O quadro de medalhas não trouxe nenhuma novidade: Estados Unidos em 1º lugar com 126, China em 2º, com 91. Já o Brasil ficou em 20º: 3 medalhas de ouro, 7 de prata e 10 de bronze, bem menos do que Tóquio (21 medalhas). Isso sem contar que foram mais 11 casos em que brasileiros terminaram em quarto ou quinto lugar.
Dessas Olímpiadas, três coisas precisam ser ditas:
1) Pela primeira vez, a delegação brasileira, com 227 atletas em 39 modalidades, teve um número maior de mulheres: 153, no total.
2) Não se trata de uma disputa, mas mulheres conquistaram mais medalhas (12) do que os homens para o Brasil. Feitos como esse precisam ser registrados e repetidos, já que as Olimpíadas foram criadas na Grécia Antiga, por volta de 776 a. C., e o gênero feminino só pode participar em 1900.
Desde que o mundo é mundo, é sabido que as mulheres enfrentam barreiras religiosas, sociais, políticas, educacionais e pasmem, esportivas. A inclusão das mulheres no mundo dos esportes foi lenta, gradual e sofrida.
No Brasil, até o ano de 1941, era vetada a participação das mulheres, conforme o Decreto-Lei nº 3199, sob pena de prejudicar à saúde delas. Na tentativa de “protegê-las”, mais uma vez elas demoraram a se desenvolver social e fisicamente.
Em 1965, foi emitida uma instrução oficial a todas as entidades desportivas do país permitindo que as mulheres pudessem praticar atividades físicas, salvo algumas consideradas violentas e agressivas: futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rugby, halterofilismo e baseball.
Somente em 1996, as mulheres brasileiras foram “autorizadas” a jogar futebol. Desde, então, o Brasil se classificou para todas as edições (oito no total), e esse ano ficou com a medalha de prata. Marta da Silva, brasileira, foi eleita seis vezes a melhor do mundo: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018. O dobro de vezes da segunda colocada Birgit Prinz, da Alemanha. Além disso, Marta detém o recorde de maior número de gols em Copas do Mundo: ao todo foram 17 em 5 copas.
A última coisa a ser dita é o pouco investimento feito pelo Governo brasileiro ao Esporte. E quando isso acontece, está vinculado aos interesses de determinados políticos.
É preciso ficar claro que esporte promove saúde, reduz o estresse, combate a depressão, melhora a autoestima, diminui a ansiedade, reduz os riscos de infarto, de diabetes e, claro, aumenta a confiança.
As mulheres que abriram as portas do esporte merecem nosso respeito. Elas enfrentaram muitos obstáculos para quebrar os estereótipos criados por uma sociedade que na vã tentativa de apoiar e proteger, acaba por excluir e invisibilizar. Quando atletas do sexo feminino sobem ao pódio, elas estão dizendo para outras mulheres que é possível conquistar aquele espaço.
Quando os governantes investem no esporte, eles estão contribuindo para o desenvolvimento de homens/mulheres mais disciplinados, mais comunicativos, mais éticos, mais resilientes. O esporte é uma poderosa ferramenta para fortalecer os laços sociais. O esporte é inspirador. Vê o protagonismo feminino brasileiro é revolucionário.
Sobre a autora:
Luciana Bessa
*Idealizadora do Blog Literário Nordestinados a Ler