Alexandre Lucas
O rio assimétrico desenha vaginas no seu percurso. As águas caminham transbordando música. Os pássaros cantam e desaparecem entre as árvores. Mastigo algumas sementes e me cubro de sol e sombra.
Sigo as vaginas do rio. Procuro alguns minutos de silêncio dentro dos barulhos que habitam os meus dias. As águas me atravessam acolhendo os meus passos.
Verde por todos os lados, mas nem tudo é esperança. Nenhuma lasanha por aqui, nem mesmo um simples macarrão. Água na boca. Talvez tenha que andar mais. Hoje, apenas os desenhos do rio.
A folha desce sendo seu próprio barco nos braços rio.
Molho a cabeça. Escorro entre as pedras e as águas para tentar espatifar os pensamentos petrificados.
*Pedagogo e integrante do Coletivo Camaradas.