Luciana Bessa
Na minha adolescência, descobri o poder do rádio e o gosto pela música, principalmente, ao dormir. Embalada pelas melodias americanizadas da década de 80, construí um imaginário de como seriam os bastidores de uma rádio e de como seriam seus locutores.
Esse momento nostálgico deve-se ao fato de que, em 13 de fevereiro, comemora-se o Dia Mundial do Rádio, data instituída há 77 anos, quanto da criação da rádio das Nações Unidas.
O Dia Mundial do Rádio foi proclamado na conferência Geral da UNESCO, em 2011, com o objetivo de conscientizar o povo da importância do rádio, como um meio de comunicação rápido, democrático e acessível, capaz de levar a informação para lugares longínquos e inóspitos. Foi também uma forma que a UNESCO encontrou de melhorar a cooperação internacional entre as emissoras.
É importante destacar que o Dia Mundial do Rádio é uma das datas mais populares proclamadas pelas Nações Unidas e que discute temas relevantes universalmente, tais como: igualdade de gênero (2014), juventude (2015), esporte (2018), diversidade (2020), paz (2023).
Fonte de difusão de conhecimento, as rádios pulsam entre estudantes e professores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), sendo denominadas de rádios universitárias públicas. Destaque para a rádio universitária da Universidade Regional do Cariri (URCA) – frequência 93.4 -, fundada oficialmente em 2019, pautada na “garantia do direito à informação, ao debate e à reflexão (…) do direito à experimentação e ao trabalho cultural crítico e transformador”.
A Universidade Federal do Cariri (UFCA), desde 2011, aguarda o processo de implementação de sua rádio (FM 90,3), que atualmente está no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Depois deverá seguir para a Casa Civil e, posteriormente, para apreciação do Congresso Nacional.
Ao longo do século XX, a parceria entre rádio e literatura, permitiu o registro e a disseminação da cultura brasileira. As novelas, antes de serem veiculadas pela TV, eram transmitidas pelo rádio, entretendo e aguçando a imaginação dos ouvintes.
O poder de alcance das rádios-novelas foi tamanho que, durante os anos de 1941 a 1959, foram contabilizados 118 autores e 807 títulos, sendo “O Direito de Nascer”, transmitida pela Rádio Nacional, um estrondo sucesso que durou praticamente três anos. De autoria de Félix Caignet, com 314 capítulos, surpreendeu a crítica brasileira que não acreditava ser possível o público se interessar por uma narrativa tão extensa.
O rádio nos deu autoras como Ivani Ribeiro e Janete Clair, com 16 e 13 novelas, respectivamente, além de cantoras, pioneiras do universo musical feminino, que seduziram gerações por meio de suas vozes, como Carmem e Aurora Miranda, Maysa, Aracy de Almeida, Odete Amaral, etc.
Mudam-se os tempos, aprimoram-se as tecnologias e, hoje, temos as Web Rádios, ou seja, rádio digital ou online transmitidas via internet. No município do Crato, destaco o trabalho primoroso das Rádios Cafundó (https://radiocafundo.com.br/) e Rádio Literária Carrapato (https://radioliterariacarrapato.xyz/).
A primeira, idealizada em 2021 por Francisco Nascimento, está instalada na comunidade do Mutirão, no Postim Cultural, antigo Posto Policial. A programação está voltada para a promoção dos Direitos Humanos e o fortalecimento dos Movimentos Sociais. A segunda, articulada por Samuel do Nascimento desde 2019, dá voz ao “povo do carrapato, das comunidades circunvizinhas” com conteúdos “que priorizam a valorização do ser humano e desenvolvimento social”.
Ambas as Web Rádios abrem as portas ao Blog Literário Nordestinados a Ler (https://nordestinadosaler.com.br/) para disseminação da Literatura, especialmente, a produzida por mulheres da região Nordeste.
Rádio e Literatura são grandes parceiras que trabalham com o alimento fundamental que aproxima e fortalece as relações humanas: a palavra.