Alexandre Lucas
Domingo, a praia se espalha diante dos olhos, os nervos entram em tempestade. O patuá de Yansã repousa no fundo da bolsa. O coração é espremido, talvez exploda. A mãe mastiga batata, o filho fica quieto, pelos menos por alguns minutos.
A moça do lado olha pela janela, as luzes descrevem as estradas. O seu diálogo é curto e desconvidativo.
O jovem bebe o seu descanso e recita seus versos de improviso. Recebe aplausos e mais uma dose.
A maioria dorme, enquanto a noite se encurta. Faz escuro, mas o sol nasce pelas manhãs, porém pode chover.
Procuro as estrelas, já não estão no céu, muito na bolsa carregada de livros e roupas sujas. A moça do lado continua calada, suas pernas balançam, parece inquieta.
O ônibus segue viagem, mas circula pelos mesmos caminhos. Ando só. Já não tenho notícias do desembarque, faz frio e os lençóis foram jogados pelas janelas.
Canto Belchior para enganar o desespero, enquanto a viagem segue.