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O ventilador no meio da rua
Literatura

O ventilador no meio da rua

Alexandre Lucas Ainda é cedo para sonhar, dizia o senhor com a camisa aberta e os botões perdidos. Enquanto o pombo com seus passos curtos ousava em roubar a comida do gato, podia não sonhar, mas sabia voar.  Cheia de planos observava o pombo e o senhor descrente.  A ansiedade dava sinais de presença, o único controle que tinha era o da televisão. Na televisão a vida parece ser mais fácil. Tudo é sempre mais bonito: os homens, as roupas, as casas, até a falsidade, mas a vida real é cheia de mondrongos.  Ainda não matei a esperança, apesar dos sinais de cansaço. Ligo o ventilador no meio da rua, já que as árvores foram cortadas e não existe mais um pé de vento. Talvez queira chamar atenção mais do que esfriar o tempo e discordar do senhor, que disse que era cedo para...
<strong>Enquanto dormia</strong>
Literatura

Enquanto dormia

Alexandre Lucas É meia-noite, estou parada, ainda não descobri o caminho de volta, também não sei se quero voltar e nem para onde. Talvez deva seguir. A rua está deserta, a sensação é que sempre estive aqui. A rua é sempre uma prisão sem grandes.  Parada, observo o barulho do silêncio.  Hoje o vestido vermelho está composto, é tecido grosso, não sinto frio. É possível aguentar a noite toda. O gato corre atrás do rato, mas o buraco era bem menor e o gato não entrou. O cachorro late com o vento que arrasta as folhas, enquanto me ocupo com risos.  Vou ficando parada, as coisas parecem que também pararam. O gato, o rato e o cachorro resolveram parar.  Talvez fosse preciso uma explosão para disparar gritos, circular corpos e encontrar soluções.  Não tem expl...