Tag: Annie Ernaux

Annie Ernaux: uma mulher sem vergonha
Literatura

Annie Ernaux: uma mulher sem vergonha

Luciana Bessa* Publicado pela primeira vez em 1997, A Vergonha, é o sexto livro que compõe o projeto literário da escritora francesa Annie Ernaux, que tem o objetivo de vingar sua raça, especialmente, investigar sua própria existência sob o prisma social. Nobel de literatura no ano de 2024, aos 82 anos de idade, graças a sua “coragem e acuidade clínica com que descobre raízes, os distanciamentos e as restrições coletivas da memória pessoal”. Coragem e ousadia são duas palavras que vestem bem autora e obra. O livro traz uma epígrafe do escritor norte-americano Paul Auster retirada da obra A invenção da solidão (1982): “A linguagem não é a verdade. Ela é a nossa forma de existir no universo”. Ernaux afirmará em  A escrita como faca (2023) que se apropriar da linguagem foi a forma ...
O acontecimento
Literatura

O acontecimento

Luciana Bessa* Em 2022, Annie Ernaux, foi agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura. Neste instante, fui tomada por uma sensação de alegria e de incredulidade. Confesso: até aquele momento não conhecia a escritora, tampouco sua obra. Mas, saber de que se tratava da primeira escritora francesa a ser premiada pela academia sueca em terras de Victor Hugo (1802-1885), Gustave Flaubert (1821-1880), Marcel Proust (1871-1922), Antoine de Saint Exúpery (1990-1944) é, para mim, um momento único.  Isso sem contar com os franceses que a antecederam contemplados com o Nobel:  Anatole France, 1921, Albert Camus, 1957 e Jean-Paul Sartre, 1964, (mesmo o autor de o Ser e o Nada ter recusando a recebê-lo). Agradeço ao universo por estar viva para registrar esse “acontecimento”, para faz...
Paixão Simples – julgamentos complexos
Literatura

Paixão Simples – julgamentos complexos

Luciana Bessa* Descobri que não conhecia a escritora Annie Ernaux no ano de 2022, quando ela foi agraciada com o prêmio Nobel de Literatura. Estarrecida com o meu desconhecimento, fiz uma rápida pesquisa a seu respeito e, logo a coloquei na minha interminável lista de autoras que preciso ler antes de morrer. Fico pensamento se no post mortem há momentos para a leitura, já que uma vida é insuficiente para ler tudo o que gostaria.  Engolida pelo cotidiano, esqueci-me de Ernaux. Esse ano, a indicação do grupo de leitura @entrelivroseafetos foi a obra Paixão Simples (1991) da autora. Enfim, havia chegado a oportunidade de me encontrar com a primeira mulher francesa a ser premiada pela Academia Sueca. Comecei a ler Paixão Simples (1991) e dei-me conta de que já conhecia o enred...