Mãos e Braços
Ludimilla Barreira*
Corri para casa. Senti a areia movediça dos pesadelos em que tentava correr e não saia do lugar. Tocava o chão com rapidez, com o desespero da sobrevivência. Enquanto girava a chave para abrir a porta, reclamei das duas voltas da fechadura. A urgência me fez questionar coisas antes impensáveis.
Iniciei a subtração das minhas roupas logo que a porta se fechou nas minhas costas. Tirava peça a peça como se me despetalasse. Ansiava as sensações que somente a água pode proporcionar: limpeza, alívio e esperança. Aquela água fria, que tantas vezes me fez sentir pontadas pelo corpo, ao invés de furar minha pele, me abraçava como salvadora.
De pé, silenciosamente, confidenciei àquele líquido as marcas que eram arrastadas a cada gota que encostava em mim e levavam ...