Tag: Conceição Evaristo

Uns olhos cheios d’água ao ler Conceição Evaristo
Literatura

Uns olhos cheios d’água ao ler Conceição Evaristo

Luciana Bessa Conceição Evaristo é uma dessas escritoras versáteis que primeiro adotou o romance, Ponciá Vicêncio (2003), depois enveredou pelo conto Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), e ainda abraçou o verso: Poemas de recordação e outros movimentos (2017). Ressaltando que desde a década de 90, a mineira publica seus textos nos Cadernos Negros, uma publicação organizada desde o ano de 1978 pelo coletivo Quilombhoje, com o objetivo de dar visibilidade às vozes de autores afro-brasileiros. Eleita a intelectual do ano pelo Prêmio Juca Pato em 2023, concedido pela União Brasileira de Escritores, Evaristo concorreu a Academia Brasileira de Letras em 2018 para ocupar a cadeira de nº 07, cujo patrono é o poeta condoreiro Castro Alves.  Contudo, ao se recusar a bajulação habitual...
Conceição Evaristo: acessando o mundo pelas palavras
Literatura

Conceição Evaristo: acessando o mundo pelas palavras

Luciana Bessa Ativista dos movimentos de valorização da cultura negra, Conceição Evaristo, mineira, nascida no dia 29 de novembro de 1946, é uma escritora multifacetada, que estreou como romancista com a obra Ponciá Vicêncio (2003), foi agraciada com o Prêmio Jabuti com os contos de Olhos D’água (2014) e se encontrou nos versos com Poemas de Recordação e Outros Movimentos (2017). Mãe lavadeira (Josefina Evaristo), tia lavadeira (Maria Filomena da Silva), desde muito cedo, Conceição Evaristo aprendeu a cuidar do corpo e da casa dos outros para sobreviver em meio a uma sociedade que não foi concebida para mulheres, tampouco, as negras. Aos setes anos de idade foi morar com a tia Filomena e o tio Totó para que a mãe tivesse uma boca a menos para sustentar. A privação do convívio mat...
<strong>Conceição Evaristo — “Escrever é uma maneira de sangrar”</strong>
Literatura

Conceição Evaristo — “Escrever é uma maneira de sangrar”

Shirley Pinheiro “— A gente combinamos de não morrer. — Deve haver uma maneira de não morrer tão cedo e de viver uma vida menos cruel. Vivo implicando com as novelas de minha mãe. Entretanto, sei que ela separa e separa com violência os dois mundos. Ela sabe que a verdade da telinha é a da ficção. Minha mãe sempre costurou a vida com fios de ferro. [...] Eu sei que não morrer, nem sempre é viver. Deve haver outros caminhos, saídas mais amenas. Meu filho dorme. Lá fora a sonata seca continua explodindo balas. Neste momento, corpos caídos no chão, devem estar esvaindo em sangue. Eu aqui escrevo e relembro um verso que li um dia. “Escrever é uma maneira de sangrar”. Acrescento: e de muito sangrar, muito e muito…” Em novembro de 2021, em entrevista ao programa Roda Viva, d...