Voz: um corpo que fala
Luciana Bessa
Não sei vocês, mas durante anos eu julguei a minha voz feia. Já fui uma dessas pessoas que entrava e saia de um espaço calada. Justificava para mim mesma que estava aprendendo mais ouvindo do que falando. O que não é de todo mentira.
Em uma sociedade em que todos têm algo importante a falar, mas poucos disponíveis para ouvir, apurar os ouvidos foi uma das formas que encontrei para aprender e, claro, me proteger.
É que falar é um modo de se expor. Em se expondo, ficamos mais suscetíveis a julgamentos e à vulnerabilidade. Bem, foi isso que pensei durante anos. Afinal, sou de uma geração que foi criada para não responder pai/mãe, para apanhar e não chorar, para não desacatar professores, para não rir alto, para escutar calada a conversa dos mais velhos.
Nesta caminha...