Tag: Crônica

Crônica reflexiva
Literatura

Crônica reflexiva

Gracynha Rodrigues* Nascer... Nascemos aos poucos e todos os dias, isso nos permite contemplar o novo, a vida nos é concedida por deleite do mais puro elo humano. Ainda que pareça uma utopia, um brotar constante, exuberante e por vezes exaustiva, é está a vida um emaranhando de buscas. O ano era 1987, eu, você e milhares de pessoas nasciam ao redor do mundo, mas ele deixou-nos, Carlos Drummond de Andrade, provavelmente já tenha ouvindo falar dele pelos corredores da vida... se não, eis a oportunidade. Drummond se foi, mas deixou um legado de poemas, textos que acalentam o existir humano de cada ser. Palavras e versos que ecoam, eternizam- se como uma cor forte que insiste em permanecer lá..., assim são suas palavras vivas, atemporais que iluminam e perpassam gerações. O algo abstrato...
Ler é desnecessário
Literatura

Ler é desnecessário

Gracynha Rodrigues* Estava no Office Café sentado e ouvindo o som dos pássaros, e o barulho ensurdecedor dos carros frenéticos, que insistiam em passar e chegar ao seu destino, então escutei a seguinte fala: “LER É DESNECESSÁRIO”, e isso soou como uma agressão pessoal e coletiva, afinal para um apreciador das palavras ditas e não verbalizadas, isso realmente foi o fim da picada… de súbito pensei que deveria questionar o “ sujeito”, mas por um instante parei e resolvi recuar, pois seria perda de tempo, ele já tinha sua opinião formada, e nada do que dissesse naquele momento faria o indivíduo mudar de opinião, mas uma faísca se acendeu: Será que o sujeito tem razão? de repente algo gritou dentro de mim: NÃOO!!! Um não bem latente e petulante tomou espaço e me atrevi, passando a questionar...
A borboleta voa com toda a sua fragilidade
Literatura

A borboleta voa com toda a sua fragilidade

Alexandre Lucas Os pássaros cantam. As flores brancas e as rosas amarelas estão desfilando paradas. Escuto baixinho Bob Marley. O sol resolveu fechar suas luzes. Cato fragmentos de saudade e lembro do sonho da última noite, triste: um homem morria torturado, o caminho era resistir aos seus algozes, ficava com a fala entalada, não lembro mais do sonho. Acordei, a boca seca e o coração perfurado. Observo as folhas, elas parecem dançar, mas estão presas ao chão, mesmo assim dançam. Parece que é isso mesmo: sem correntes estamos presos e mesmo acorrentados conseguimos caminhar. A pureza dos acontecimentos é infinitamente mentirosa.  A borboleta voa com toda a sua fragilidade, fica ali entre as flores brancas e próxima das rosas amarelas. Bob Marley se mistura à música de Luiz Cal...
21 anos e uma roseira vermelha
Literatura

21 anos e uma roseira vermelha

Alexandre Lucas Mais uma carta. Saiu de moda escrever. Continuo escrevendo. A última ditadura militar no país durou 21 anos e as cartas circularam clandestinamente para registrar a história e alimentar as esperanças. Manifestar sempre fez parte das ações humanas, assim como o amor. Ainda era criança, pouco entendia sobre o que escrevia, mas eu escrevia para você, como se quisesse dizer:  estou aqui e quando precisar me coloque nas suas mãos.  Escrevia estando a poucos minutos de distância, já que nossas distâncias nunca foram além dos minutos.  Escrevo como um exercício de presença, como se a cada instante estivesse mais próximo da despedida, racionalmente é essa a composição do tempo.  Guarda as cartas, elas não são um amontoado de palavras, estão im...
Botando boneco: descobrindo a diversidade cultural entre amigas
Literatura

Botando boneco: descobrindo a diversidade cultural entre amigas

Dark Ferreira Era uma tarde quente de verão quando as duas se conheceram em um hotel movimentado em Vitória. Karol, a jovem maceioense estava sentada em uma mesa, aproveitando o café, quando viu uma mulher cacheada dos cabelos coloridos entrando no local e olhando ao redor como se procurasse por alguém. Karol se animou com a possibilidade de fazer uma nova amiga. Ela se apresentou e começou a conversar com a jovem juazeirense, que se apresentou como Diana. Elas falaram sobre assuntos diversos, mas a conversa começou a ficar mais animada quando Diana contou uma história engraçada sobre uma festa em que ela "botou boneco" com um ex-namorado. Karol ficou quieta por um instante, sem entender o que Diana queria dizer. Ela ficou se perguntando o que seria esse tal de "botar boneco"....
Misturamos as coisas
Literatura

Misturamos as coisas

Por Alexandre Lucas Manhã nublada, dia com cara de choro. Hoje, li Drummond. Estava melhor que do que a manhã: piadista, com palavras quentes, duvidoso como sempre. O poeta que também se faz nublado, mesmo diante do sol. Não quero falar da manhã, do poeta e nem da cara de choro do tempo. É porque escrevo assim mesmo, atravessado de fragmentos e de histórias misturadas.  Misturo amendoim com amor, às vezes dar tudo certo, outras dar dor de barriga.  Por falar em histórias, elas sempre nascem de outras histórias. O presente é sempre uma transa com o passado, mas o gozo nunca é uma garantia.  Estava pensando nas ilhas, dizem que elas são isoladas, acredito que seja mentira, sempre as vejo juntas das águas. As sereias, que são mentiras, são tão verdadeiras como as ilhas...
O grito se fez pó 
Literatura

O grito se fez pó 

Por Alexandre Lucas*  Passei horas escrevendo, fiquei despida, tirei cada palavra que escondia minhas cicatrizes e as feridas abertas, ainda tinha sangue fresco. Desenhei, no meio do papel, um olho; na mesa tinha um copo de vidro cheio de água para acalmar meu corpo trêmulo e minha respiração ofegante. Deram-me dez bolachas, já que não quis almoçar, não comi nenhuma, as formigas é que aproveitaram.  Somente nós, eu, nua diante papel e ele suportando minhas vestes e o peso imensurável das palavras.  Ele sabia os meus segredos, as minhas dores encobertas. O simples papel virou meu confidente. Sabia da profundidade e de cada detalhe dos vulcões e dos terremotos que gritavam dentro de mim. Conseguia fazê-lo sentir o brilho do meu olhar, quando era festa ou inundação. Escre...
Sou uma mentira
Literatura

Sou uma mentira

Por Alexandre Lucas* Já confundo todos os olhares e desconheço todas as luas. Construo versos para trincar certezas e já não me deito na cama para enganar o coração. É tempo de amor, porque ele nunca sai de moda. Sou toda mentira que o amor é capaz de fazer. Inventei na palavra que o amor era maior que a imensidão do universo e previsivelmente mais quente que o sol, fui dogmática e professei que o amor era eterno. Lógico que dopada e embriagada pela realidade alienante. Eu espedaçada, fui triturada, mas o amor nos faz mosaico, um todo formado de pedaços. Enquanto me deito, não espero nada, mentira, estou esperançando e de vez em quando sonho, nem tudo é desespero. Ainda vejo estrelas e mares nos olhos. Estou vivinha, ainda, assim quero ficar.  Porque dizem por aí que o amor é...
<strong>Denunciante</strong>
Literatura

Denunciante

Por Alexandre Lucas* O som da respiração faz poesia entre os corpos. Hoje, a lua tem sol e o chá é afrodisíaco. Escrevo devorando a imaginação. Vou vasculhando as palavras e mordendo os lábios no bailado de imagens. Solto um sorriso e me dano a escrever, como quem quer despir o papel, sentir a  carne, o suor escorrendo entre as linhas, o  ventre molhado, olhos bambos,  sons  desequilibrados,  letras bêbadas e um convite para daqui a pouco. É apenas o papel denunciante da intensidade humana. Incêndio, a poesia está em brasas e a razão resolveu se esconder. Contínuo escrevendo, buscando intervalos da imaginação do que não existiu, mas tudo existe. Saio, dou algumas voltas, talvez quisesse estar numa canoa sendo levado pela pele do rio, ou numa trilha sentindo o...
Chupa essa manga!!!
Literatura

Chupa essa manga!!!

*Carla Castro Se você não nasceu em Fortaleza/CE, dificilmente vai entender a metáfora dessa frase “chupa essa manga!” Essa expressão não está relacionada à saborosa fruta que em períodos sazonais mais precisamente após o mês de outubro brotam das mangueiras. Sejam elas do tipo: Espada, Rosa, Tommy, Palmer ou Ubá, contém proteínas e vitaminas; sejam elas verdes, amarelas ou avermelhadas tem um sabor inconfundível e irresistível. Entretanto o artigo intitulado “Chupa essa manga” tem como objetivo apresentar a diversidade de formas em que a palavra “manga” é utilizada em seus mais diversos contextos e com significados diferentes. A começar por essa que nomeia o artigo. Chupa essa manga!! De acordo com os dicionários informais você poderá usar essa fala quando se referir a alguém que es...