O fruto continua proibido
Alexandre Lucas*
Está proibido manifestar o desejo. Se tranque em infinitos segredos. Se tranque. Murcha me recolhi, na sala do desespero, sem nenhum gole de água. Tenho que negar tudo, ser aprendiz de mentirosa, já que não quero ser aprendiz de feiticeira. Sou bicha, animalesca por natureza, humana pelas circunstâncias. Posta no mundo, cheia de gente e coisas, em movimento e, eu rodando, mesmo sentadinha na cadeira só observando.
Tirar-me o desejo é negar minha existência. É assaltar sonhos, bombardear a verdade, é louvar a hipocrisia. Calamos e matamos todos os dias os nossos suspiros. Enterramos sem cerimônias os nossos tumultos.
Amo, mesmo desconhecendo essa engenharia sempre inacabada e sem manual, faltosa de parafusos e comandadas por deuses e demônios. Ensinaram-me desde d...