No escuro do meu mundo sinto medo
Dina Melo*
FujoTateio no escuro as armas depostasTento não desvanecer ante teu grito ameaçadorÀs vezes cantas baixinho para iludir-me de que és o melhorO que deitará aos meus pés heras prateadasMas eu já sei que tuas garras estão à espreitaE prontas as cordas com que enlaçarás meu corpo à rocha duraSei que a fuga não será definitivaMe apanharás nas madrugadas friasEm que meu espírito cansado da luta cederáTemo que perpetuamente encenemos essa dança odiosaE minha liberdade seja sempre transitóriaTu esfarelas meus ossosAtormentas minha carneEnches de sangue minha bocaEscavas meus dias como impiedosa larvaAssaltas-me na doçura das manhãs com teu hálito de fogoMeu sangue estremece quando chegas sorrateiroExiges de mim submissão completaPeço-te paz e sossegoTudo o que tens a me dar é dúvida,...