Um bom batedor
Alexandre Lucas
Tenho linhas que não me confortaram. Escrevi com cacos de vidro o que não conseguia pronunciar. Trago nos braços a distância do abraço e as cicatrizes de pai.
Nunca fui boa de briga, mas em casa, as tapas eram constantes. Os gritos, os choros e o sangue se faziam mais triviais que o arroz e o feijão.
Mãe odeia pai. Ele sempre foi agressivo. Eu guardada no silêncio, plantei dentro de mim o que mais escutava: "você não vale nada". De tanto ser expulsa da alegria, segui os conselhos de pai que sempre me dizia: "sai daqui!".
Cada um agora segue seu lado. Mãe se casou. Tenho uma madrasta amorosa, adora me abraçar, a cada instante faz presentes com suas mãos para transbordar meus sorrisos. Pai já está no segundo casamento, mora distante, foi preso algumas vezes, c...