Tag: Livro

Paixão Simples – julgamentos complexos
Literatura

Paixão Simples – julgamentos complexos

Luciana Bessa* Descobri que não conhecia a escritora Annie Ernaux no ano de 2022, quando ela foi agraciada com o prêmio Nobel de Literatura. Estarrecida com o meu desconhecimento, fiz uma rápida pesquisa a seu respeito e, logo a coloquei na minha interminável lista de autoras que preciso ler antes de morrer. Fico pensamento se no post mortem há momentos para a leitura, já que uma vida é insuficiente para ler tudo o que gostaria.  Engolida pelo cotidiano, esqueci-me de Ernaux. Esse ano, a indicação do grupo de leitura @entrelivroseafetos foi a obra Paixão Simples (1991) da autora. Enfim, havia chegado a oportunidade de me encontrar com a primeira mulher francesa a ser premiada pela Academia Sueca. Comecei a ler Paixão Simples (1991) e dei-me conta de que já conhecia o enred...
Chuva Secreta
Literatura

Chuva Secreta

Luciana Bessa* A obra Chuva Secreta, publicada em 2013, da autora e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Állex Leilla, nascida em Bom Jesus da Lapa, é composta por nove contos permeados pela simbologia da chuva. Chuva é o símbolo da fecundidade e da fertilidade. É o elemento que promove reflexões, descobertas, autoconhecimento e desfechos esperados/inesperados, cabe ao leitor inferir, na obra leilliana. A autora que coleciona citações e epígrafes, abre o livro com trechos de poemas. O primeiro, “Cai chuva do céu cinzento”, do português Fernando Pessoa, o segundo, Canto I - XXV – “Qualquer que seja a chuva desses campos”, do modernista Jorge de Lima e, por fim, somos presenteados com os versos do jornalista e sociólogo, Alberto da Cunha Melo: “Toda m...
Entrevista com os amigos velejadores
Literatura

Entrevista com os amigos velejadores

Amigos velejadores* Travessia do Atlântico a vela: sem hora para sair, sem dia para chegar (2024) é um projeto coletivo de três amigos, os cearenses – Augusto César e Miguel Sávio e o paulista Beto Peixoto - que se reuniram em uma embarcação a vela saindo de Salvador até chegar na marina de horta na Ilha de Faial no arquipélago de Açores - Portugal. Eles vão nos contar a relação deles com o mar, momentos da viagem, idealização e lançamento do livro. Augusto (“Indiana Jones dos mares cearenses”) - Você foi o responsável por ligar para o Miguel e o Beto para convidá-los para essa jornada saindo de Salvador passando em barra do São Miguel e indo a marina de Horta na Ilha de Faial no arquipélago dos Açores - Portugal. A ideia de registrar toda essa aventura no livro, partiu de quem? E as...
Da Literatura ao Cinema: É assim que acaba
Literatura

Da Literatura ao Cinema: É assim que acaba

Luciana Bessa* Imagino que a adaptação de obras literárias para o cinema deva ser ao mesmo tempo uma tarefa fascinante, mas complexa e assustadora. Afinal, a narrativa escrita não cabe na narrativa visual. O certo é que o cinema influencia a literatura, assim como a literatura influencia o cinema.  Ambas, como seu poder de contar histórias, têm a capacidade de aproximar o leitor, ou o espectador dos grandes temas humanos. Via de regra, há aqueles que prefiram uma adaptação fiel à obra como é o meu caso; outros que preferem que o livro seja transformado livremente em uma terceira narrativa.  Digo isso porque domingo passado, fui ao cinema ver o best-seller da escritora Collin Hoover - É assim que acaba – depois de muito escutar: “o filme é bom para quem não leu o livro...
Afinal, quem matou Sherazade?
Literatura

Afinal, quem matou Sherazade?

Ludimilla Barreira* Conheci o livro Eu matei Sherazade, escrito por Joumana Haddad, por sugestão do “Clube de Leitura Entre Livros e Afetos”. Inicialmente, pelo título, acreditei piamente que o livro seria um suspense com muita investigação e teorias sobre a morte de uma personagem icônica. Afinal, até o leitor que se conforma com bula de remédio já ouviu falar de Sherazade e “As mil e uma noites”. Cometi um erro de principiante: o velho “julgar o livro pela capa”, mas, no meu caso, foi pelo título. Comecei de forma despretensiosa a minha leitura, sem me preparar para as reflexões para as quais fui arremessada. Felizmente, fui surpreendida. Há pouco tempo, fui tomada por uma necessidade de ler mulheres que trazem às suas próprias experiências como pano de fundo do que produzem. Estou...
Os Rios Turvos
Literatura

Os Rios Turvos

Luciana Bessa* Publicado em 1993, Os Rios Turvos, da professora e escritora pernambucana Luzilá Gonçalves Ferreira, é uma obra agraciada com o Prêmio Joaquim Nabuco da Academia Brasileira de Letras (ABL), concedida a biografias. O livro é a biografia romanceada do poeta Bento Teixeira, autor de Prosopopéia (1601), poema épico dedicado a Jorge d’ Albuquerque Coelho, o então governador da Capitania de Pernambuco, que marca o início da escola barroca no Brasil. Interessante é o fato de o autor ter nascido em Portugal, escrito e publicado o poema em sua terra natal e falarmos de um Barroco brasileiro. Bento Teixeira, leitor de obras clássicas, homem que não media as palavras que proferias: algumas doces, outras severas e descabidas; cristão-novo (judeu), estudou no Colégio dos Jesuíta...
As 5 linguagens do amor: compreendendo as linguagens de amor da sua parceira
Literatura

As 5 linguagens do amor: compreendendo as linguagens de amor da sua parceira

Hemerson Soares* Ler é uma atividade que exercita nossa mente sob diversas perspectivas. Podemos aprender novas técnicas, conhecer lugares (mesmo que sejam apenas fictícios) ou ainda nos ajudar no autoconhecimento. E é nesse último ponto que destacarei no decorrer desta resenha. O livro intitulado As 5 linguagens do amor  foi escrito por Gary Chapman,  conselheiro de casais e pastor, além de ser formado em Teologia e Antropologia. Gary realiza em várias partes do mundo palestras sobre relacionamentos e casamentos. Ele tem dois filhos, e é casado com Karolyn J. Chapman. Além disso, o escritor nasceu em 1936, na cidade de China Grove, nos Estados Unidos. Fazendo uma breve descrição da proposta da obra, é importante contextualizar que Gary definiu as 5 linguagens do amor de...
Referência do movimento de Slams, Santos Drummond lança seu primeiro livro pela Editora Baderna
Literatura

Referência do movimento de Slams, Santos Drummond lança seu primeiro livro pela Editora Baderna

Fabiana Lima* “Especialmente para quem nasce com a pele que eu nasci” mistura consciência de raça, classe e amor em 59 poemas que mostram a potência da poesia periférica contemporânea Entre tantas adversidades que pessoas pretas enfrentaram, num passado de ferro, Especialmente para quem nasce com a pele que eu nasci, obra de estreia do poeta Santos Drummond, é um livro de poesias que traz relatos que traçam novas possibilidades de forjar o presente, novas maneiras de amor, acolhimento e carinho, a alegria da superação e, com elas, as conquistas.  Dividido em três capítulos: Fome; Café expresso; Arroz, Feijão, amor e carinho, o autor descreve essa trilogia como a síntese da sua trajetória. Em versos poéticos, Fome, ao mesmo tempo que assume o caos pela ausência de algo, manife...
O livro que a justiça proibiu
Literatura

O livro que a justiça proibiu

Bárbara Larissa Alexandre Filgueira Mota* Ullisses Campbell é jornalista, escritor e roteirista brasileiro nascido na cidade de Belém no estado do Pará. Ele é autor dos livros biográficos sobre Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Flordelis, envolvidas em casos criminais emblemáticos do Brasil, os quais compõem a coleção Mulheres assassinas. O escritor explica que a decisão de escrever sobre Suzane, Flordelis e Elize se deu porque as três mulheres têm histórias paralelas que se entrelaçam, as quais vão para além dos crimes. Esta resenha é sobre seu primeiro livro Suzane: assassina e manipuladora, o qual se enquadra no gênero biografia e crime real, publicada sua primeira edição em 10 de janeiro de 2020. Conta a história de Suzane Louise von Richthofen, brasileira condenada por se...
O voo da guará vermelha
Literatura

O voo da guará vermelha

Luciana Bessa* Primeiro romance da escritora Maria Valéria Rezende, O voo da guará vermelha, publicado pela primeira vez em 2005, foi finalista do prêmio Zaffari & Bourbon no ano de 2007 e traduzido para o espanhol e para o francês. É uma daquelas obras que cativam o leitor no primeiro instante da leitura: “Das fomes e das vontades do corpo há muitos jeitos de se cuidar…”. Uma delas é a leitura; a outra, a escrita. Trata-se de uma narrativa cuja essência é a poeticidade e a musicalidade. São dezessete capítulos intitulado por cores: “cinzento e encarnado”, “verde e negro”, “roxo e branco, “ocre e rosa”… Cada uma das cores assume um significado concreto - amarelo, gema do ovo; verde, vestido – e um significado abstrato - branco e cinzento - falta de vida das personagens. Diante...