Tag: Livro

Kim Jiyoung – a dura caminhada da mulher
Literatura

Kim Jiyoung – a dura caminhada da mulher

Luciana Bessa* Kim Jiyoung, nascida em 1982, da escritora coreana Cho Nam-Joo é uma obra relativamente curta (172 páginas), mas extensa de situações revoltantes que envolvem a mulher. O livro é um presente da amiga Shirley Pinheiro, depois de me ouvir dizer: “ainda não li nenhuma escritora asiática”. A obra encontra-se dividida em cinco partes permitindo-nos que conheçamos a protagonista desde o seu nascimento até 2016, ano em que ela foi diagnosticada com depressão pós-parto, que progrediu para depressão materna, fazendo com que precisasse de duas sessões semanais de quarenta e cinco minutos com um psiquiatra. Ser mulher, “especialmente uma mãe, na Coreia” é uma jornada de violências que começa com o próprio fato de nascer mulher em um país favorável ao aborto, não por respeitar ...
MEMÓRIAS DE LINCE
Literatura

MEMÓRIAS DE LINCE

Janir Ribeiro* 1.Além de historiadora, professora e, agora, escritora. Por que enveredar no mundo da escrita literária? Muitas pessoas me perguntam sobre os motivos que me levaram a querer escrever e publicar (mesmo depois dos 60 anos). Respondo que fui buscar inspiração na infância. E mais tarde, quando estudava alguns temas ou me deparava com alguma situação inconveniente, me pegava lembrando lá das minhas primeiras memórias e imaginação. Cenas e imagens de pessoas que me acompanharam por anos. Lendo os processos da história via lacunas e não encontrava respostas.  Comecei a fazer anotações já dentro de uma perspectiva decolonial. Eu tinha ideia dos temas que queria abordar. No entanto, desconhecia as estruturas narrativas e com tantas outras ocupações, engavetava os meus rascun...
CHUVA DE PAPEL
Literatura

CHUVA DE PAPEL

Luciana Bessa* Publicado em 2023 pela Companhia das Letras, Chuva de Papel, é o terceiro romance da escritora recifense Martha Batalha. O primeiro foi A vida invisível de Eurídice Gusmão (2016) e, o segundo, Nunca houve um castelo (2018). Misturando tons cômicos e trágicos, Chuva de Papel, traz um narrador em terceira pessoa (primeiro momento), que nos apresenta a história de um repórter policial, Joel Nascimento; uma dona de casa, Maria da Glória, e sua amiga Aracy, em um Rio de Janeiro, que viveu tempos áureos, mas que em 2020, apresenta-se completamente diferente, sobretudo quando foi acometido pela pandemia da COVID-19, que deixou miséria e mortos. O livro encontra-se dividido em duas partes: na primeira (capítulos um ao quinze), o leitor conhece o repórter aposentado e decade...
É assim que acaba…
Literatura

É assim que acaba…

Luciana Bessa* Há três anos, tenho me dedicado à leitura de escritoras da região Nordeste, em virtude da criação do meu projeto Nordestinados a Ler: Blog Literário. Em 2023, ouvi em um programa de rádio sobre uma obra chamada É assim que acaba, da escritora norte-americana Colleen Hoover. Dela, fenômeno de venda, seria criado um livro para colorir, o que gerou uma grande polêmica, pois o enredo versava sobre violência contra a mulher. A autora, após sofrer duras críticas, voltou atrás e declarou: “Eu vejo agora como estava cega”. É sempre bom reconhecermos nossos erros. Esse ano, minha amiga Aline, leu o livro e comentou que o teor era realmente “tenso” e não permitiu que a filha de quatorze anos também lesse. Acompanhando as postagens dela no Instagram, vejo no mês de março, que com...
A Cabeça do Santo
Literatura

A Cabeça do Santo

Luciana Bessa* O real foi o mote para a escritora cearense Socorro Acioli criar a ficção A Cabeça do Santo, publicada no ano de 2014, traduzida para o inglês e o francês e, que em breve, se tornará filme. O projeto da criação de uma estátua de Santo Antônio teve início em 1984, no município de Caridade, aproximadamente 91km da capital Fortaleza. Na época, o prefeito, Raul Linhares, desejava tornar a cidade conhecida por meio do turismo religioso, tal qual a cidade vizinha, Canindé, que atrai anualmente cerca de 400 mil turistas. Contudo, em 1986, o projeto foi interrompido por falta de recursos. A cabeça [do santo] teria se tornado parte do muro da casa de nº25 do Conjunto Habitacional, onde moraria um dos engenheiros da obra. A princípio, Socorro Acioli conheceu essa história por...
Livraria Sociedade Literata realiza roda de conversa com Victor Vladmir sobre empoderamento feminino na arte nesta sexta-feira (22) às 18h30 na Biblioteca do Coletivo Camaradas
Cariri, Cultura, Literatura, Notícias

Livraria Sociedade Literata realiza roda de conversa com Victor Vladmir sobre empoderamento feminino na arte nesta sexta-feira (22) às 18h30 na Biblioteca do Coletivo Camaradas

Foto: Livraria Sociedade Literata A Livraria Sociedade Literata realiza, nesta sexta-feira (22), às 18h30, roda de conversa na Biblioteca do Coletivo Camaradas. Este é o primeiro evento do projeto Literação, e possui como tema “O empoderamento feminino na arte é uma responsabilidade somente das mulheres?”, com a participação de Victor Vladmir, autor da HQ “Mulheres Brutais”. Essa roda de conversa visa criar um espaço de discussão política sobre os temas da literatura produzida no Cariri atualmente, o papel político dos artistas, além de promover obras e realizar suas vendas durante a ação. Victor Vladmir, convidado do encontro de sexta-feira (22), é artista visual, professor de artes da rede básica de ensino de Juazeiro do Norte, quadrinista independente atuante no Coletivo Sa...
Outras Poesias e Além do Silêncio
Literatura

Outras Poesias e Além do Silêncio

Luciana Bessa Nerina Castelo Branco, escritora piauiense, influenciada pelos poetas concretistas, lançou no ano de 1963, a obra Poesias Modernas,  aqui no Ceará, onde veio estudar Direito. No ano seguinte,  em 1964, já em sua terra natal, Teresina, foi editado o volume II de Poesias Modernas, reafirmando que sua produção literária rompe em definitivo com uma poesia academicista. Depois formou-se em Filosofia, tornou-se professora emérita da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e membro da Academia Piauiense de Letras, ocupando a cadeira de nº 35. A poesia de Nerina Castelo Branco tem como enfoque a essência humana com suas dores ( Poema “Minhas mãos”), seus sonhos (Poema “Salvar os sonhos”) e seus questionamentos (Poema “Reflexões”). Poesia reflexiva que expõe a se...
Livro premiado “As cartas de Maria” será lançado no Centro Cultural do Cariri no próximo dia 15
Cariri, Cultura, Literatura, Notícias

Livro premiado “As cartas de Maria” será lançado no Centro Cultural do Cariri no próximo dia 15

Foto: Divulgação No próximo dia 15 de dezembro, sexta-feira, às 18h, o Centro Cultural do Cariri recebe a poeta e artista Zulmira Alves Correia, para o lançamento do livro “As cartas de Maria”. Nele, a autora apresenta, em versos, os capítulos de uma partida. Inspirada em um compilado de histórias que ouviu quando era criança, a autora adentra a geografia sentimental da ausência, trazendo correspondências poéticas de uma mulher, no Sertão do Nordeste, que precisou partir de sua casa para seguir os caminhos da própria vida e o amor por um andarilho. Os poemas são apresentados em forma de cartas, escritas por Maria à mãe que ficou na antiga morada; são também relatos de uma mulher calejada pela morte dos filhos que mal chegavam a nascer. Nessa obra, Zulmira revela, com pungência, a vin...
Nem uma vez uma voz humana
Literatura

Nem uma vez uma voz humana

Luciana Bessa Nove contos, nove vozes de mulheres integram a obra Nem uma vez uma voz humana, da escritora paraibana Débora Gil Pantaleão. Cada texto segue o fluxo da consciência e olha para o interior de cada uma das personagens submetidas a diferentes tipos de violência. Com a capa de Ícaro Medeiros, uma epígrafe de Samuel Beckett (de onde foi retirado o título do livro), um prefácio de Lucimar Bello, a autora nos apresenta uma escrita cortante sobre mulheres que vivem situações tensas e densas. No primeiro conto “Janela Abaixo”, a narradora conta-nos como foi seu dia. Uma temática comum se não fosse por um detalhe: “Detestava crianças. Não sei como consegui ser uma” (p. 17). Depois de dez anos de casada, Daniel, o marido, a convenceu a engravidar. A princípio ela acreditou q...
O som do rugido da onça
Literatura

O som do rugido da onça

Luciana Bessa Sempre me questiono o que faz um livro premiado ou não. O som do rugido da onça, da escritora pernambucana Micheliny Verunschk ganhou, em 2022, o mais tradicional prêmio literário do Brasil concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CDL). No caso da obra em questão, tenho duas suposições para tamanha premiação. A primeira diz respeito ao fato de a autora vestir sua prosa de um lirismo sensível capaz de atravessar qualquer coração empedernido. A narrativa lírica é aquela em que as palavras, embebidas pelo ritmo, sonoridade e cadência, dançam diante dos olhos dos leitores. A segunda suposição tem a ver com o fato de Micheliny Verunschk valer-se da união entre discursos - literário, histórico e antropológico - para desfazer a versão dos exploradores como “salvadores da ...