Tag: Mulher

De quantos pedaços é feito uma mulher?
Literatura

De quantos pedaços é feito uma mulher?

Luciana Bessa* Uma mulher tem quantos pedaços? Depois que esses pedaços se espalham, é possível juntá-los? Uma mulher é composta de tantas partes, egoísta, generosa, introspectiva, materna, vaidosa, talentosa, medrosa, que às vezes, me pergunto: é possível conhecê-la em sua totalidade?  Isso me fez lembrar Sigmund Freud em uma conferência no ano de 1932 sobre o feminino. O pai da psicanálise relatou um caso clínico de uma de suas pacientes, Marie Bonaparte, e a comparou com um enigma: " a grande pergunta que não foi nunca respondida e que eu não fui capaz ainda de responder, apesar de meus longos anos de pesquisa sobre a alma feminina é, o que quer uma mulher?”. Na impossibilidade de uma única resposta, pensemos: uma mulher... Quer ser respeitada em suas escolhas.  Qu...
Contrato
Literatura

Contrato

Ludimilla Barreira* Escrevo enquanto aguardo para fazer a minha primeira densitometria óssea. Reflito sobre o meu “prazo de validade” como mulher, pois há algum tempo percebo que não sou mais a mesma. Não falo apenas dos fios brancos que aparecem desavergonhadamente nos meus cabelos ou até nas sobrancelhas, mas da minha ausência em circunstâncias que antes eram urgentes. Envelhecer não tem sido difícil. Sim! Envelhecer. Tenho 39 anos, para alguns muito jovem, para outros “passando do prazo”. Para mim, o que realmente importa é que percebo que o tempo passou enquanto eu estava vivendo, não apenas existindo. Sempre aceitei que começamos a envelhecer no minuto seguinte ao nascer, e não tem problema. Encaro o passar do tempo como um privilégio para poucos. Sou consciente de que não te...
Ler/Escrever: o passaporte da mulher
Literatura

Ler/Escrever: o passaporte da mulher

Luciana Bessa* Até meados do século XX, as mulheres não frequentaram a escola sob pena de “alguém” fazer-lhe algum mal. Por volta dos dezesseis anos, fase em que pais e filhos parecem não se entenderem, me questionava: que mal pode fazer uma mulher frequentar o ambiente o ambiente escolar? Que mal pode haver em aprender a ler e a escrever Quase uma década depois, descobri a resposta: um mal irreversível. Quando se lê, por exemplo, fica-se sabendo de fatos que, se não soubesse, permaneceria no “mundo das cavernas”, sem contestar nada nem ninguém. Fiquei imaginando se é por isso que, ao idealizar uma cidade ideal, a “República”, Platão expulsou os artistas. Para o filósofo, a Arte era uma ferramenta poderosa de criar efeitos no espírito humano. Em contato com as artes, criamos se...
A ignorância é uma dádiva?
Literatura

A ignorância é uma dádiva?

Ludimilla Barreira* Encerramos o mês que foi referenciado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para instituir uma data em homenagem às mulheres, o 8 de março, que é comemorado desde o início do século XX, dia este marcado por protestos contra a fome, como na Rússia em 1917, e em momentos anteriores reivindicando a igualdade de gênero e melhores condições de trabalho. Apesar de não ser um dia instituído pelo comércio e não rememorar lembranças ternas, é um dia mantido no calendário nacional como homenagem às mulheres que mesmo diante de tantas adversidades tentam fincar suas pequenas conquistas. Durante todo o mês, percebemos tímidas formas de comemorar o “Dia da Mulher”, seja com palestras tratando de temas centrados na melhoria da vida pessoal/profissional, ou com notícias que ...
Jovita Feitosa: A luta da mulher contra o preconceito
Literatura

Jovita Feitosa: A luta da mulher contra o preconceito

Letícia Isabelle Alexandre Filgueira Antônia Alves Feitosa (Jovita Feitosa) nasceu em 08 de março de 1848, em Tauá (CE) na região dos Inhamuns, na então província do Ceará. Filha de Maria Rodrigues de Oliveira e Simeão Bispo Oliveira, foi no Piauí que a jovem ganhou seu nome na história. Mulata, de feições índias e estatura mediana, se mudou para Jaicós, região sul do Piauí, após a morte da mãe vitimada pela cólera. Aos dezessete anos de idade, escondido da família, tomou uma decisão corajosa: cortou os cabelos, disfarçou os seios com bandagens, colocou um chapéu de vaqueiro e roupas masculinas para se alistar como voluntária do exército brasileiro na Guerra do Paraguai. Vestida como homem, chegou a Teresina e foi aceita como primeiro sargento no corpo dos Voluntários. O presiden...