Bilhete para noites de solidão
Alexandre Lucas*
Cercado de Oscar Niemeyer. Noite distante de casa, próximo de instantânea liberdade. Sento com a escritora, num quiosque qualquer, afinal Brasília se veste de formas desconcretas e também sem paletós.
A deputada negra, sapatão e comunista, do Rio Grande do Sul, estava ao lado, trocamos algumas palavras e uns abraços, estávamos no nosso território. O músico e professor contava suas travessias do Brasil profundo, agora residia em Tocantins. A escritora era de São Paulo.
Desgustamos na mesa sonhos, cervejas e carne. Lia a boca da escritora para compreender sua língua, enquanto nos abarrotávamos de literaturas e processos criativos.
Tateava entre as palavras o seu rosto e sua cabeça raspada. Gritava em silêncio a poes...